Hoje em dia vemos uma grande busca por ser famoso, ser popular, ter milhares de seguidores nas redes sociais e de alguma forma há uma busca pela exposição.
A questão é que muitas vezes essa busca está relacionada com uma demanda de amor, talvez a pessoa não esteja de fato buscando fama e sim se sentir amado de alguma forma, de se sentir importante. Porém, se importar não significa seguir nas redes sociais, dar like em todas as postagens da pessoa e por incrível que pareça se importar também não é ligar a cada minuto e viver “grudado” com a pessoa. Importar significa levar pra dentro e quando alguém se importa ela carrega aquilo que é importante dentro dela.
Quando você se importa com uma pessoa não importa o tempo, a distância física, nem os acontecimentos, aquela pessoa sempre estará conectada a você de alguma forma, seja por um pensamento, por uma lembrança, pelo sentimento.
Se importar é permitir que parte daquela pessoa faça parte de você também, é abrir dentro de você um espaço para que o outro exista. Quando nos importamos e também somos importantes deixamos um pouco de nós com cada pessoa que passa pela nossa vida e levamos um pouco delas conosco também.
Percebe-se que muitas vezes associamos a importância com coisas materiais, isso é observável em frases como “é claro que eu me importo, afinal eu pago sua faculdade”, “não sei do que você tanto sente falta, eu te dou tudo o que você precisa”, “você não tem motivo para se sentir mal, você tem uma boa casa, um bom emprego”, “quando eu for bem sucedido eu serei importante”, “se eu tivesse esse tanto de dinheiro eu seria feliz” e por aí vai…
Pode parecer algo bobo e inocente, mas essas são frases que ouvimos com frequência, tanto no cotidiano quanto na clínica, e que carregam consigo muitos significados. As dores da alma bem como o sentido da nossa existência e a nossa importância não estão relacionadas com coisas, afinal desejo não tem objeto.
As coisas, os objetos materiais, a fama, o dinheiro, os likes e curtidas podem tapar momentaneamente nossas faltas, podem até deixar nossas dores e sofrimentos menos desconfortáveis, mas não são garantia de felicidade e nem nos impedem de termos nossas próprias demandas internas.
Será que não estamos dando para as coisas, a importância que deveria ser destinada às pessoas? Será que não estamos de alguma forma confundindo importância e valor com preço?
Muitas vezes, mesmo sem perceber, acabamos pagando com nossa própria carne o preço de vivermos tão centrado em coisas, nos calamos diante do sofrimento seja o nosso ou o do outro, pois embora a gente diga que se importa, na verdade estamos ocupados demais, soterrados demais, abarrotados de coisas, para que haja um espaço para tantas demandas internas.