A história do pequeno príncipe sempre me fascinou por sua simplicidade em abordar as questões complexas, sua forma doce de nos dar lições de vida e o seu jeito mágico de nos prender as suas viagens. Para quem ainda não o conhece, terei o prazer de apresentá-lo, e ao mesmo tempo tentarei em poucas linhas de um projeto maior mostrar o quanto ele tem a nos ensinar.
Trata-se de uma história contada por um aviador, o qual em meio ao deserto do Saara precisou fazer um pouso forçado com seu pequeno avião. Quando achava estar sozinho se deparou com um menino que o acordou com a estranha proposta que ele lhe desenhasse um carneiro. Uma criança enigmática, com perguntas diversas e respostas surpreendentes.
“Era uma vez um pequeno príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de um amigo…”.
O pequeno Príncipe contou ao aviador suas aventuras por muitos planetas tão pequenos quanto ele. E numa dessas histórias ele nos apresentou a experiência que teve com a sua Rosa.
Mas aconteceu que o principezinho, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada.
– Bom dia, disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
– Bom dia, disseram as rosas.
O principezinho contemplou-as. Eram todas iguais à sua flor.
– Quem sois? perguntou ele estupefato.
– Somos rosas, disseram as rosas.
– Ah! exclamou o principezinho…
E ele sentiu-se extremamente infeliz. Sua flor lhe havia contado que ela era a única de sua espécie em todo o universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!
“Ela haveria de ficar bem vermelha, pensou ele, se visse isto… Começaria a tossir, fingiria morrer, para escapar do ridículo. E eu então teria que fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela era bem capaz de morrer de verdade…”
Depois, refletiu ainda: “Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo. Uma rosa e três vulcões que me dão pelo joelho, um dos quais extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito grande…” E, deitado na relva, ele chorou.
O Pequeno Príncipe continua em sua caminhada e encontra uma raposa que o aconselha a retornar para o local onde deixou a sua Rosa. E ela lhe entrega a maior lição de todas, diz que somente será sua amiga quando ele a houvesse cativado. Entendendo o sentido daquela frase, ele retorna as rosas que aparentemente lembravam a sua e diz:
– Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
– Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma.
Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
Dizendo isso foi ao encontro da raposa:
– Adeus, disse ele…
– Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
– O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
– Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
– Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
– Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…
– Eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
Então o Principezinho retorna a sua Rosa entendendo que ela era única no mundo.
A maior lição que podemos tirar desse trecho diz respeito as nossas relações, a forma que estamos lidando com aqueles que nos rodeiam, a importância que damos as pessoas e o significado que temos para elas. O contato olho no olho tem perdido lugar para as redes sociais, para a pressa do dia-a-dia, para o estresse do trabalho. Estamos ocupados exigindo a atenção dos outros e nos esquecendo de sermos os primeiros a oferecer aquilo que sentimos falta. Olhamos a aparência e prontamente fazemos pré-julgamentos sobre como imaginamos que as pessoas são ou deixam de ser. Nesse sentido nos privamos de fazer novas amizades, de nos dedicarmos mais as pessoas que amamos, de cativarmos aqueles que já não buscam mais serem cativados.
Do trecho do livro deixo aos leitores 3 importantes lições:
1º “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.
Nós não reconhecemos o caráter das pessoas pela aparência que elas possuem, e sim por suas atitudes, por aquilo que nos fazem sentir, por sua dedicação para com o outro, logo, não faz sentido discriminar alguém por ser diferente, por não estar no mesmo grupo, por ter gostos diferentes dos nossos.
2º “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”
Há quem concorde, há quem discorde desta frase… Eu me limito a somente comentá-la. Se pensarmos o quão pesado é ter responsabilidade pela vida do outro, ela se torna mesmo uma frase dura, mas podemos pensar que não se trata desse tipo de responsabilidade, e sim se refere sobre o quanto podemos interferir na vida dos outros quando fazemos parte de um grupo, seja familiar, de amigos, ou nossos relacionamentos amorosos. Nós não temos poder de decisão sobre a vida alheia, entretanto quando nos relacionamos nós interferimos diretamente nos sentimentos dos outros. Podemos pensar sobre um mesmo nível de responsabilidade tanto quanto nosso comportamento faz o outro feliz, ou quando ele provoca mágoas. São escolhas que podemos ter: respeitar ou não respeitar, amar ou não amar, sair ou ficar, continuar ou terminar. Entre tantas outras atitudes individuais que afetam de maneira positiva ou negativa quem faz parte da relação. Mas quem disse que devemos permanecer quando somente a outra parte se cativou? Não deve ser uma obrigação, relacionamentos requer reciprocidade.
3º “Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez tão importante”
A que temos nos dedicado? Podemos pensar em sonhos, pessoas, objetivos a serem alcançados, entre tantas outras coisas que possuem um significado importante. Temos insistido nas conquistas, ou parado nas primeiras dificuldades? Temos ouvido mais aqueles que nos apoiam, ou nos sentimos enfraquecidos com as criticas? Como temos nos dedicado aquilo que nos propomos realizar?
Quando realmente entendemos os valores das nossas “rosas” reconhecemos que depende de nós darmos a sua devida importância, e dessa forma tendemos a evitarmos que a opinião alheia interfira em nossas decisões.
Psicóloga Daniele de Oliveira
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