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Professoras da rede estadual transformam experiências de vida em livros infantis

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Duas professoras da rede estadual de ensino, uma pandemia e algumas histórias para contar. No Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado nesta quinta-feira, 18 de abril, a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) celebra a história das professoras que transformaram vivências em  criação literária, transportando isso para as publicações “Vovô foi embora, mas deixou muita história!” e “Poemas para brincar nas quatro estações”. 

Francine Cruz, professora de Educação Física e técnica pedagógica no Núcleo Formadores em Ação, e Débora Bacchi, docente de Artes (atualmente no Núcleo de Comunicação da Seed-PR) deram vida a uma narrativa contada a partir da visão de uma criança sobre o luto.

“No livro infantil, o ilustrador também é autor, o autor visual, porque ele vai conduzir o enredo por meio de imagens, que é a principal forma para que as crianças possam compreender o que está sendo dito, afinal, elas ainda não reconhecem claramente as letras”, diz Débora.

O texto surgiu de situações reais vividas tanto por Francine como Débora, que perderam os avós na crise da Covid-19. Assim, a protagonista de “Vovô foi embora, mas deixou muita história!” relembra os momentos que compartilhou com o avô e as histórias eternizadas por ele.

“Pela ordem natural da vida, os avós nos deixam antes e representam, em muitos casos, o primeiro contato das crianças com a situação de perda de alguém próximo. Tocar neste assunto com os pequenos não é uma tarefa simples, mas é necessária”, explica Francine.

O livro, subsidiado por leis municipais de incentivo à cultura, da Prefeitura de Curitiba, foi distribuído nas escolas municipais da Capital e chegou às mãos de milhares de pequenos estudantes, que compartilharam, em sala de aula, como vivenciaram suas próprias perdas. “Eles nos contaram sobre a perda de um bichinho de estimação, de algum objeto. Foi uma experiência legal presenciar como cada um reage à leitura e às imagens”, relembra Débora. 

Para que a obra “Vovô foi embora, mas deixou muita história!” chegasse ao maior número de pessoas, o conteúdo foi pensado de forma inclusiva, considerando a Lei Brasileira de Inclusão. A fonte ampliada das palavras tem esse objetivo de alcance e as ilustrações fazem parte disso. No Brasil, são mais de 6 milhões de brasileiros com baixa visão ou visão subnormal.

POEMAS – A parceria das professoras Francine e Débora começou com “Poemas para brincar nas quatro estações”, que terá a segunda edição lançada no mês de junho pela editora Donizela, na Feira do Livro de Joinville (SC) nos dias 08 e 09 de junho. 

O processo de criação foi semelhante ao da outra obra conjunta porque a história também surgiu de situações cotidianas vivenciadas por Francine, ao lado da filha Helena Sofia, de sete anos. “Um dia cortei uma carambola e ela se admirou como a fruta tinha o formato de uma estrela”, conta. “Uma outra memória é quando estávamos no Interior e ela se admirou porque conseguia ver muitas estrelas no céu, coisa rara na Capital, e isso foi passado para o papel”. 

Os textos têm formatos de haicais, poemas curtos da tradição japonesa, que têm o poder de “fotografar um instante em poucos versos”. No livro eles são descritos como brincadeiras com a primavera, verão, outono e inverno. E cada haicai é acompanhado por uma ilustração. “Poesia é brincar com a palavra. Para os adultos, é o convite para ver o mundo pelos olhos da criança. Para a criança, é ter a palavra como companheira de descobertas”, enfatiza Yara Fers, editora e escritora, no prefácio da publicação. 

Desde que a paranaense Helena Kolody lançou os primeiros haicais, nos idos de 1940, passando por Leminski e, mais recentemente, por Alice Ruiz, o Estado é destaque neste gênero, atraindo cada vez mais novos adeptos e publicações, e um tema permanente nas escolas, entre os jovens, ganhando inclusive as redes sociais.

Para o poeta e haicaísta curitibano, Alvaro Posselt, responsável pela revisão do livro, “Poemas para brincar nas quatro estações” confirma a maturidade na jornada da autora. “Francine Cruz não saiu por aí escrevendo poemas e os chamando de haicai. Ela mergulhou na fonte. Essa fonte é carregada de sensibilidade, disciplina e vivências, que são a própria alma do poema”, afirma.

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