Ao longo de nossas vidas vamos tendo os mais diversos tipos de relacionamentos, primeiro nos relacionamos com nossos pais, com nossa família, depois com professores e amigos na escola, nos relacionamos com o pessoal do trabalho e em algum momento iniciamos nossa “vida amorosa”, um termo que costumamos usar para descrever relações como paqueras, namoro, noivado, casamento e por aí vai…
É interessante usarmos essa expressão com o intuito de nomear uma relação entre um casal, pois não é desde sempre que vivemos relações amorosas? O amor e afeto não estão presentes em todas as outras relações que desenvolvemos ao longo da vida?
Desde o momento que nascemos o amor já se encontra presente, quando o bebezinho chora não é apenas um pedido por comida ou por uma troca de fralda, seu choro é também uma demanda de amor, ele traz consigo uma súplica implícita de que alguém o ame e se preocupe o suficiente para vir em seu amparo e suprir suas necessidades. E junto com essa súplica vem também o medo do abandono, de ser esquecido e ter suas necessidades físicas e emocionais negligenciadas. Mas o que isso tem a ver com o fato de permanecermos em relações que nos fazem mal?
A resposta é simples: TUDO. É a partir dessa nossa primeira relação de amor, vivida com as pessoas que exercem o papel de mãe, pai, com aqueles que exerceram um papel de cuidado é que vamos aprendendo sobre o que é o amor, o que é cuidado e através disso vamos aprendendo como amar. Então a forma como vamos estabelecendo as nossas relações amorosas ao longo da vida é baseada nessa primeira relação, não em como essa relação foi de fato, mas sim no que nos recordamos dela, nos registros inconscientes que ficaram disso, a forma como essa relação nos marcou.
Muitas vezes nos vemos ”presos” a relações tóxicas, a pessoas que nos fazem mal, em relacionamentos abusivos, mas não conseguimos sair disso ou quando “saímos” apenas pulamos para outra relação com as mesmas características, vamos apenas repetindo, repetindo e mesmo que de forma diferente acabamos diante dos mesmos resultados.
Isso porque de alguma forma permanecemos com resquícios do medo de não ser amado, de ser abandonado, de não ter alguém que venha em nosso socorro, assim meio que “entendemos” inconscientemente que é melhor uma relação ruim do que não ter relação alguma e ficar sozinho. Sair desse ciclo de relações que nos fazem mal, não é tão simples como parece, mesmo quando sabemos que precisamos pôr um fim nele, porque não se trata apenas de algo do plano consciente.
Para que haja uma mudança real é preciso que algo mude dentro de nós, é preciso que algo produza uma mudança em nosso inconsciente para podermos de fato elaborar tendo assim a possibilidade de criarmos relações diferentes, com uma outra compreensão de amor e cuidado.