Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) o número de mortes no Brasil por conta de Câncer aumentou 31% desde 2000 e chegou a 223,4 mil pessoas por ano no final de 2015, enquanto o INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de Câncer no Brasil entre os anos de 2016 e 2017. Ainda de acordo com o INCA, durante este período o Estado do Paraná terá uma estimativa de 34.590 novos casos de câncer, sendo o Câncer de Mama e de Próstata os principais tipos da doença a atingir a população (INCA, 2015).
Ler ou ouvir falar sobre estes dados pode soar um pouco chato ou cansativo, mas é importante termos conhecimento sobre esses números para conseguirmos perceber o quanto é necessário falarmos sobre a prevenção dessa doença que além de atingir grande parte da população causa desgastes físicos e psicológicos não só para os pacientes como para as pessoas ao seu redor.
As concepções acerca do câncer foram construídas ao longo dos anos pela sociedade, sendo atualmente definida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como uma enfermidade na qual uma célula do corpo se transforma originando um tumor maligno capaz de se reproduzir formando uma massa tumoral no local (INCA, 2015). Como estamos no mês de Outubro, mês destinado a conscientização das pessoas acerca da prevenção do Câncer de Mama, hoje vamos falar um pouquinho sobre os aspectos psicológicos relacionados a ele.
O câncer de mama para a maioria das mulheres a princípio é encarado com negação e ao receber o diagnóstico busca-se de todas as maneiras a salvação desse órgão que está doente, pois ele está relacionado com o que a mama representa para a mulher. Dessa forma quando uma doença como o câncer aparece, o sujeito tenta buscar em vivências de sua vida, situações que possam explicar e dar algum sentido ao desenvolvimento da doença. As mulheres que tem câncer na mama, na maioria das vezes, passam por um processo chamado de mastectomia que é a retirada de toda a glândula mamária, o músculo peitoral e os linfonodos da região da axila.
E com a perda da mama, há uma mutilação na imagem corporal da mulher fazendo com que ela se sinta de alguma maneira desvalorizada e desestruturada perante a situação. O seio compõe a estética feminina, além de ser um órgão que tráz o simbolismo da sexualidade e também está relacionado com sendo no início da vida do sujeito através da identificação com a figura da mãe por meio da amamentação. Quando a mulher se enxerga na situação de perda do órgão, isso faz referência a sua identidade trazendo a tona outras perdas e outras feridas que já foram vividas por elas.
Além da mastectomia, muitas mulheres diagnosticadas com Câncer de Mama precisam fazer quimioterapia no combate a doença. Um dos efeitos colaterais deste tratamento é a perda de cabelo, que pode ocorrer de duas a três semanas após a aplicação da quimioterapia. Essa perda de cabelo também pode causar muito sofrimento nas mulheres, por ser uma parte do corpo também está relacionada com a estética e sexualidade feminina. Muitas mulheres associam ao cabelo e ao seio o significado de “ser mulher”, assim além dos desgastes físicos o Câncer pode provocar um abalo na autoestima e na imagem que a mulher tem de si.
É importante ressaltar que aqui falamos sobre os aspectos psicológicos que são mais comuns nos relatos de pacientes que tem ou tiveram Câncer de Mama, mas cada sujeito é único, para cada um a doença tem um significado próprio e lidamos com ela de forma diferente através das ferramentas que temos. Aproveite o mês de Outubro e se conscientize, faça o autoexame, previna-se, mas principalmente se cuide e se ame o ano inteiro.
Texto utilizado para os dados sobre as estimativas: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2016: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2015.