Vivian de Oliveira teve apenas cinco dias de descanso antes de mergulhar novamente no Velho Testamento e trabalhar a sinopse do que viria a se tornar “Os Dez Mandamentos – Nova Temporada”, que estreia nesta segunda-feira (4), às 20h30. Com a encomenda de uma simples continuação para o fenômeno que alavancou a audiência da Record em 2015, a autora não se deu por satisfeita até depois de vários ajustes na ideia inicial, que demorou a engrenar. A receita certa, segundo ela, continua a ter drama, humor, ação e efeitos especiais, mas vem renovada com novos personagens, como a temporada de uma série. Outro evento grandioso também está previsto: a rebelião de Corá (Victor Hugo).
“Desde a primeira temporada, esse personagem aparece com inveja, falso, fazendo jogo com Moisés (Guilherme Winter). Vai ter um determinado momento em que ele vai duvidar dessa autoridade. Quando acontece a rebelião, a terra se abre e os revoltosos são engolidos. Pode se tornar o Mar Vermelho, mas este era bem mais conhecido. A gente vai trabalhar para criar essa expectativa”, conta a autora.
Mesmo enfrentando o “Jornal Nacional” em plena crise política e “Velho Chico”, a novela pode repetir o sucesso da temporada anterior? “Acredito que vai causar um rebuliço sim”, afirma Vivian, que diz não sentir pressão para repetir os números nem a sensação de “já ganhou”. “Uma coisa muito legal que aconteceu foi que a novela conquistou um público muito fiel. Se fosse só uma continuação talvez frustrasse o público. Eu me guio por mim. É também uma novela novela, quero que achem interessantes os novos personagens”, diz a novelista, que já entregou metade dos 60 capítulos à emissora.
Vários empecilhos na travessia do deserto
O foco principal de Moisés e seu povo continua o mesmo: chegar a Canaã. Agora que os egípcios ficaram para trás, novos conflitos surgirão. O primeiro acontece entre os próprios hebreus, já que a travessia pelo deserto se estende mais do que o esperado – 40 anos.
“Para que alcançassem a promessa de Deus, eles precisariam de muita fé, de persistência. Mas, depois de um tempo, eles começam a esmorecer. Muitos reclamam, não acreditam, sentem falta do Egito, querem voltar. O maior empecilho é a incredulidade. Mas eles também vão encontrar outros povos no caminho”, adianta.
O reino de Moabe é governado pelos cruéis Balaque (Daniel Alvim) e Elda (Francisca Queiroz), que contam com a ajuda do feiticeiro Balaão (Leonardo Vieira) para impedir a passagem dos hebreus. A mesma postura terá o general Oren (Alexandre Barros), do reino dos Amorreus.
“O Egito era uma potência, um reino poderosíssimo. Depois do Mar Vermelho, correu a fama dos hebreus, e esses povos agora estão preocupados, com medo. Quem é essa gente que está vindo pra cá?”, diz a autora, acrescentando que Balaque e Balaão, por exemplo, são personagens bíblicos, apenas citados depois da passagem do deserto. Na trama, eles ganham história própria desde o primeiro capítulo.
Depois de dois anos envolvida com a temporada anterior, Vivian reconhece que a decisão de criar os novos capítulos a toque de caixa foram um susto e que o cansaço bateu. “Daqui a dois meses tiro férias, que delícia”, brinca ela.
Mas ela vê um motivo para comemorar ao notar que atores e até outros autores estão interessados no filão bíblico que ela ajudou a fortalecer na emissora, como minisséries como “A História de Ester”, “Rei Davi” e “José do Egito”. “Agora todos percebem que é um folhetim, lá atras existia certo preconceito contra o gênero. Hoje todo mundo quer entrar nesse nicho, virou o filé mignon”, afirma, aos risos.