Os trabalhadores prestes a se aposentar serão os mais beneficiados pela mudança na regra da Previdência anunciada nesta quinta-feira pelo governo federal. “Quem está quase se aposentando vai se beneficiar bastante. Já os jovens que ainda estão no mercado de trabalho não pegarão a fase de transição dos 85/95 e, com isso, serão os mais prejudicados”.
A partir de 2022, a pontuação mínima será de 90 pontos para mulher e 100 para homem, ante 85 e 95 atualmente.
Uma simulação elaborada por um advogado deixa essa vantagem evidente. Uma mulher que tenha começado a contribuir com 22 anos, em 1985, conseguirá se aposentar com 100% da média das contribuições em dezembro de 2016.
Já pela regra antiga, com a incidência do fator previdenciário, ela só conseguiria o valor total do benefício seis anos depois.
Um homem nas mesmas condições e com cinco anos a mais de idade, por sua vez, vai se aposentar com o montante cheio também em dezembro de 2016, ante setembro de 2019 pelo modelo anterior.
Ou seja, com quase três anos de antecedência. As mudanças reacenderam o debate sobre a sustentabilidade da Previdência para as futuras gerações.
O aumento do gasto previdenciário ficou evidente desde a Constituição. Em 1988, o gasto com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) correspondia a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Hoje, representa 7,4% do PIB, segundo cálculos do economista Fabio Giambiagi.
“Qualquer país responsável tomaria medidas para reduzir essa despesa. E o que nós estamos fazendo é deslocar essa despesa para cima”, afirma.
A possível pressão com aumento dos gastos da Previdência também chega num momento no qual as contas públicas estão no foco das agências de classificação de risco.