Para Hang, as falas do presidente sobre as urnas eletrônicas são apenas um pedido de transparência.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o dono da Havan, Luciano Hang, afirma que a presença de grandes nomes de empresários e banqueiros nos recentes manifestos que pedem respeito ao sistema eleitoral não sinaliza decepção do setor privado com o presidente.
“Eu vi ali, falam em uma lista de 3.000 empresários que assinaram esse manifesto. Eu vou dizer para vocês que tem milhões de empresários que assinam manifesto contrário”, afirma Hang.
Ele avalia que são marketing e fumaça as reações de grupos da sociedade ao comportamento de Bolsonaro.
“Tem pessoas que se acham mais do que são, querem fazer uma carta. Carta nem existe mais. Hoje nós estamos na época do Instagram, do Facebook, do WhatsApp. Esse pessoal que ainda está assinando carta está atrasado”, diz.
Para Hang, as falas do presidente sobre as urnas eletrônicas são apenas um pedido de transparência. “No meu pensamento, o que o presidente pede é transparência nas eleições. Aquele que vencer no voto leva. Agora, o que o presidente pede é transparência. É isso que eu entendo. É o que ele fala”, afirma o empresário.
PERGUNTA – Qual é a sua opinião sobre este momento de manifestações contundentes em defesa da democracia que foram levantadas após o evento que o presidente Bolsonaro teve com embaixadores colocando as urnas sob suspeição?
LUCIANO HANG – O ponto de vista de cada um depende de onde cada um se encontra. Eu entendo que todas as marchas, todos os atos que foram feitos no Brasil desde 2018 são atos pela democracia, pela liberdade de expressão e de pensamento.
Eu já fui em atos, e sempre imbuído deste propósito de expressarmos os pensamentos dentro da paz e da harmonia. Na nossa empresa, eu procuro dizer que não importa quem seja, todo mundo tem que falar. Quanto mais se discute, mais a empresa vai melhor. E nós vamos ter um país melhor quando a sociedade puder conversar. Liberdade.
P.- O sr. fez uma publicação nas redes sociais dizendo que agora só faltam as cartas dos empreiteiros. Foi uma provocação ao endosso dos banqueiros ao manifesto?
LH- Não. É uma brincadeira. Se cada um vai pegar a sua profissão e fazer uma carta, os empreiteiros deveriam fazer, porque eles foram, talvez, os mais prejudicados pelas ações da Lava Jato e de tudo o que aconteceu.
Os empreiteiros que também façam sua carta pedindo volta ao Lula. Eu acho que cada um tem que ter a sua posição. A minha posição é declarada. Eu tenho os meus posicionamentos, e as pessoas vão analisar se eu estou certo ou errado, baseado nas minhas convicções e principalmente nos meus argumentos.
Os argumentos é que devem embasar o pensamento e a tomada de decisão das outras pessoas que me ouvem. Eu, como empreendedor há 36 anos, sei onde o sapato aperta.
P.- O sr. concorda com as falas feitas pelo presidente diante dos embaixadores e com os discursos que ele vem fazendo de suspeição sobre as urnas? Isso seria uma maneira de ele se defender de uma eventual derrota? Em caso de vitória ele não questionará?
LH- No meu pensamento, o que o presidente pede é transparência nas eleições. Aquele que vencer no voto leva. Agora, o que o presidente pede é transparência. É isso que eu entendo. É o que ele fala.
Agora, tem pessoas do outro lado da montanha que não escutaram bem. No meu posicionamento, é isso que ele quer: transparência nas eleições.
Lá na frente, quem venceu que faça o melhor trabalho. A partir do momento em que as eleições terminam, que haja um eleito democraticamente, com a maioria dos votos dos brasileiros, essa pessoa tem que tocar o país da melhor maneira possível.
P.- Temos visto nomes de empresários, economistas importantes, até banqueiros, assinando estes manifestos. Na sua avaliação, nós estamos passando por um momento de decepção do setor privado com o presidente Bolsonaro?
LH- De forma nenhuma. Eu vi ali, falam em uma lista de 3.000 empresários que assinaram esse manifesto. Eu vou dizer para vocês que tem milhões de empresários que assinam manifesto contrário. Milhões, milhões, milhões. Alguns ali até são amigos meus. Cada um assina o manifesto que quer.
Agora, eu faço parte de alguns grupos de 200 ou 250 pessoas, que são todos empresários. Lá atrás, em 2018, eu devia ter 20, 30, 40, 50 grupos de 250. Então, se eu tenho 30 grupos de 250, são milhares de pessoas que pensam o contrário.
Eu acho que isso é muito marketing. É muita fumaça e fogo nenhum. Esse negócio de manifesto são grupos que pensam de um jeito, fazem uma carta e levam lá.
Agora, se fosse pegar carta de todas as cidades, dos empresários de associações que estão do lado do presidente, não teria Correio que levasse tanta carta para o Planalto.
Tem pessoas que se acham mais do que são, querem fazer uma carta. Carta nem existe mais. Hoje nós estamos na época do Instagram, do Facebook, do WhatsApp. Esse pessoal que ainda está assinando carta está atrasado.
FOLHAPRESS