Sim, as mulheres sentem a desigualdade entre homens e mulheres e elasse expressam na menor disponibilidade de empregos para nós, na menor remuneração do trabalho, em níveis desadequados de saúde e bem estar, no trabalho não remunerado e muitas vezes não reconhecido, na participação reduzida nas decisões, na violência sexista e na exploração sexual.
As diferenças entre homens e mulheres não são apenas de “papéis” a cumprir na sociedade. Existe uma relação de dominação de um sexo pelo outro e essa dominação não é apenas ideológica ou cultural, ou seja, não pode ser mudada apenas com uma “mudança de mentalidades”, embora isso seja fundamental.
A desigualdade possui uma base material, que é a divisão sexual do trabalho, e sobre isso vale a pena refletirmos. Historicamente, foram determinadas práticas diferentes para homens e mulheres com valores distintos. Assim, aos homens coube o espaço público e o trabalho produtivo, enquanto elas foram atreladas à esfera privada e ao trabalho reprodutivo. Essa divisão sexual do trabalho baseia-se em dois princípios: separação, pois existem “trabalhos masculinos” e “trabalhos femininos”, e hierarquização, já que um trabalho de homem “vale” mais do que o de mulher.
Por conta dessa divisão, quando as mulheres vão para o mercado de trabalho, seu salário é considerado um “complemento” à renda obtida pelo homem, justificando que até hoje as trabalhadoras recebam menos por trabalhos iguais.
Desde o ano 2000, as mulheres são maioria na população brasileira e, segundo dados do IBGE de 2010, 37,3% dos lares brasileiros têm uma mulher como a principal responsável “pelo sustento da casa e da família”, mesmo que este sustento muitas vezes venha de trabalhos informais.
Essas e muitas outras situações cada vez mais estão sendo debatidas por coletivos de mulheres que, compreendendo seu papel, vão à luta. Vão à luta por melhores condições de vida e por mais participação política.