A história de um povo pode ser representada de diversas formas. Conquistas, símbolos, letras grafadas em livros que transmitem às novas gerações fatos memoráveis. Em Apucarana, uma árvore cujas 100 primeiras mudas viajaram mais 17 mil quilômetros pelas mãos de imigrantes, representa uma etnia que contribuiu e ainda contribui muito com o desenvolvimento local. É a sakura, ou cerejeira-ornamental, árvore símbolo do Japão que foi introduzida na cidade nos anos de 1.970, e hoje pode ser encontrada em mais de 30 mil pontos, dos bairros ao centro, distritos e até na zona rural.
Ao longo de grande parte do ano, oferece sombra e abrigo a diversas espécies animais e insetos. Com a chegada do inverno, encanta com sua melhor roupagem: a florada. Em Apucarana, a predominância é da espécie com flores da cor rosa, que proporciona um destaque ainda maior na cinzenta paisagem urbana. Apaixonado pela história e pela cultura nipônica, sobretudo, a trajetória de luta e conquistas da colônia japonesa de Apucarana, o prefeito Júnior da Femac diz que devido o seu valor e simbolismo, a cerejeira do Japão também foi incorporada à história da cidade. “Diante do valor histórico e cultural da cerejeira-ornamental no município, que aqui foi introduzida pelas mãos dos imigrantes há mais de 50 anos, a Prefeitura de Apucarana passou a incluir a árvore como ornamento em vários projetos, usando a espécie na arborização de ruas, parques, praças e até acessos rodoviários à cidade”, frisa o prefeito Júnior da Femac, pontuando que o viveiro da Prefeitura de Apucarana, mantido pela Secretaria Municipal da Agricultura, disponibiliza gratuitamente mudas de cerejeira-ornamental a interessados.
O presidente da Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea), Keniti Ishida, lembra que a florada apucaranense teve início a partir do plantio de 100 mudas pela Associação dos Idosos da Acea (Matsumikai), na década de 70. “Junto à Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea), mantemos um belo Jardim Japonês, com centenas de cerejeiras-ornamentais, cultuando a nossa tradição”, revela Ishida. Segundo ele, o ambiente presta uma homenagem aos descendentes nipônicos que ajudaram a construir o município. “Os japoneses, juntamente com os ucranianos, foram os primeiros imigrantes a chegar em Apucarana, na década de 30. Das 10 famílias, sete eram de japoneses”, relata o presidente da Acea.
Presidente do Conselho Deliberativo da Acea, Satio Kayukawa, é outro nipo-brasileiro que se emociona ao falar da árvore-símbolo do país de origem de seus antepassados. Guardião local da história de sua colônia, o pioneiro reforça que as flores da sakura são símbolos importantes da cultura japonesa. “Para nós, japoneses, a florada da cerejeira simboliza renovação, esperança, beleza, prosperidade, felicidade e sorte. Florada boa também é sinônimo de fartura na roça”, diz Kayukawa. Outro simbolismo, lembra ele, é relacionada ao amor. “Conta a tradição que durante um piquenique sob a florada, se uma pétala cair dentro da xícara do chá, representa felicidade e casório para a mulher”, relata.
Kayukawa avalia que a florada anual e a festa da cerejeira, que foi realizada durante muitos anos no município, projetou o nome de Apucarana em todo o Brasil. “Fomos a primeira cidade a plantar uma cerejeira ornamental no Paraná e, a partir da divulgação que tivemos através de reportagens da florada e da festa, outros estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina tomaram conhecimento e também iniciaram o plantio”, narra o pioneiro. “Temos muito orgulho e esperamos que as novas gerações, filhos e netos, preservem esta tradição que visa manter viva a memória de nossos antepassados”, diz Kayukawa.
Pref. de Apucarana