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Com estoque em baixa, café atinge preços históricos

Com estoque em baixa, café atinge preços históricos
Com estoque em baixa, café atinge preços históricos
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Artigo em falta no mercado internacional, o café tem alcançado cotação histórica. A saca de 60 kg do grão beneficiado vem sendo comercializada entre R$ 1.250 e R$ 1.450, valores três vezes maiores que a cotação média do produto em 2020. Depois de anos de preços que mal pagavam os custos, o café voltou a fazer jus à denominação de ouro verde.

Segundo o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da regional de Apucarana da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) Paulo Franzini, vários fatores ‘trabalham’ na valorização do grão. Um deles é o câmbio. “A moeda base de negociação do café é o dólar, portanto, assim como todas as comodities, o café cresce em preço na moeda nacional”, diz.

Outro fator é o que o economista chama de fundamento de mercado: a relação entre consumo, produção e oferta de café. Em linhas gerais, contrariando expectativas, o consumo do produto se manteve estável na pandemia em todo o mundo. De outro lado não há sobra de estoque e a produção não aumentou, pelo contrário. “No Brasil, que é o maior produtor de café do mundo, a quebra da safra de 2021 foi estimada em 10 milhões de sacas. A Colômbia que também é um grande produtor também não aumentou produção”, comenta.

Com geadas no sul e estiagem em praticamente todo o país, a quebra deve se repetir neste ano, o que mantém a cotação em alta. “Nesse cenário, com ausência de estoques mundiais, dificilmente haverá um recuo muito substancial em relação a preços nos próximos meses”, afirma o economista, lembrando que o café é uma cultura perene, que demanda maior tempo de produção e recuperação. Não se planta café hoje para colher em alguns meses. 

A mesma quebra que mantém o mercado aquecido impõe uma série de desafios para os produtores. É o caso do cafeicultor Arcindo Ravar, presidente da Associação da Agricultura Familiar de Jacutinga, distrito de Ivaiporã que mantém núcleo de produção cafeeira. “Os preços são os melhores que já vimos nos últimos anos. Mas quem tem café para vender? A maioria dos produtores já vendeu lá atrás”, comenta. 

Segundo Ravar, ninguém esperava que a cotação chegasse ao patamar atual. “Na verdade, a gente vem trabalhando no vermelho há mais de 10 anos. Víamos preços bons no milho, na soja, mas o café não reagia. O café ficou entre R$ 300 e R$ 400 (a saca) nos últimos seis anos, quase não cobria os custos de produção. No início da colheita estava na faixa de R$ 650 e o pessoal acabou vendendo”, afirma. 

Apesar de animados com os preços atuais, os produtores esperam a chuva firmar para tentar recuperar as lavouras e enfrentam dificuldades na obtenção de mudas para repor o que foi perdido na geada ou aumentar área de plantio. “O mercado não tem mais muda para fazer reserva porque não teve semente suficiente. Geou na época dos frutos e, consequentemente, essas sementes não vão germinar”, comenta.

Ele, que produz café em cinco hectares, pouco se espera da colheita deste ano por conta da estiagem. “Está difícil da lavoura se recuperar por falta de água. Também não tem como adubar. O período que estamos em janeiro, era época de fazer a segunda adubação e eu não fiz nenhuma porque não chove”, comenta.

Estiagem e geadas derrubam produção em 2022 

As perdas estimadas na safra deste ano na região são significativas. Segundo estimativa do Deral, devem ser colhidas 78,6 mil sacas de café nesta safra nos municípios da área das regionais da Seab de Apucarana e Ivaiporã, pouco mais da metade do que foi colhido no ano passado: 130,4 mil sacas. 

Além da questão climática, a cafeicultura vem registrando redução de área. Na região, o café ocupa atualmente 4.644 hectares. No último ano, a redução foi de 576 hectares. “A verdade é que o café vem de anos de desvalorização que desanimaram o produtor, que ficou sem condição de investir. O café é uma cultura que demanda muita mão de obra, o que vem se tornando uma dificuldade, levando muito produtores a optar pela soja, que só valorizou”, comenta o economista do Deral, Paulo Franzini.

Ele acredita que a recomposição de preços pode se traduzir ampliação dos cafezais nos próximos anos. Programas de incentivo desenvolvidos por prefeituras de alguns municípios da região podem dar uma ‘mão’ aos produtores. Em Apucarana, por exemplo, a prefeitura vai distribuir 150 mil mudas de café produzidas no Horto Municipal aos produtores a um custo subsidiado.

Informações: TNOnline

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