Os profissionais do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater) vêm trabalhando para melhorar a eficiência e modernizar o sistema produtivo da mandioca, levando aos produtores novas práticas como o plantio direto e o plantio de novos cultivares.
Em Janiópolis, Noroeste do Estado, o cultivo de soja e milho é predominante, mas a cultura da mandioca desempenha um papel importante na economia do município. Na safra 2019/2020 foram cultivados 600 hectares com a cultura, envolvendo 40 famílias.
O trabalho em Janiópolis começou em 2012, quando foi criado o Projeto Mandioca Renda. A estratégia dos extensionistas para melhorar o rendimento dos cultivos foi introduzir cultivares que atendessem as necessidades dos agricultores e da indústria. Os produtores também foram orientados a fazer o plantio em conformidade com as recomendações do zoneamento agroclimático, diminuindo os riscos com a lavoura.
A mecanização de plantio foi incentivada com a aquisição de plantadeiras e equipamentos para a colheita. Outra ação dos extensionistas foi mostrar aos produtores a importância do uso de fertilizantes no plantio e em cobertura. Desde a implantação do projeto o plantio direto da mandioca se consolidou no município. Além disso, a mandioca passou a ser usada com mais frequência na alimentação humana e animal.
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De acordo com José Claudio do Prado, extensionista do IDR-Paraná, o projeto fortalece as parcerias firmadas com a Seab, prefeitura, Farinheira Bredápolis e Embrapa, bem como com produtores.
Tudo começou com a implantação de uma Unidade Demonstrativa de cultivares na propriedade de Fausto Antônio Ferracin. Os extensionistas acompanharam o produtor durante o plantio, a condução, a multiplicação e a avaliação de cultivares e clones da mandioca.
Na última safra, de 2020/2021, foram avaliados onze cultivares e clones, todos indicados para a industrialização. Os cultivos foram feitos no sistema de plantio direto sobre a palhada de aveia e milheto nas propriedades dos produtores Ronaldo Vieira Lopes e Mauro Hideyuki Endo. O projeto também contou com a colaboração de outros produtores, entre eles José Frazato Crivelaro, José Domingos Poera, José Barboza de Araújo, Ronaldo Vieira Lopes e Raul Ferreira Lopes (in memorian).
Em julho deste ano foram concluídos os trabalhos de avaliação de potencial produtivo e de rendimento das raízes para a produção do amido. Os melhores resultados foram obtidos pelos cultivares BRS 420, BRS CS 01 e BRS Formosa que apresentaram aumento médio de 34,50% na produtividade de raiz e incremento médio na receita bruta de R$ 14.065,65 em relação aos demais cultivares e clones avaliados e em comparação ao cultivar IAC 90, o mais plantado atualmente no município.
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De acordo com os extensionistas a cultura da mandioca apresenta viabilidade técnica e econômica, proporciona boa rentabilidade aos agricultores e geração de riqueza para o município.
“As ações do Projeto Mandioca Renda agregam conhecimento e aprimoramento técnico nas recomendações e acompanhamento dos mandiocultores”, afirma José Cláudio. Segundo ele, existe potencial de aumento de área da cultura no município e região, inclusive com avaliações e plantio de cultivares de mesa.
Em Janiópolis existe uma agroindústria de derivados de mandioca, na comunidade Bredápolis, que recebe 60 toneladas/dia de raízes e gera cerca de 50 empregos indiretos. Toda a matéria-prima é transformada em polvilho doce, polvilho azedo e farinha. A produção é destinada aos mercados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Bahia.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural da Seab (DERAL) o Valor Bruto de Produção da cultura foi de R$ 4.142.103,99 no ano de 2019 no município. Contudo, considerando a industrialização da raiz, a cadeia produtiva da mandioca movimenta aproximadamente R$ 10 milhões ao ano em Janiópolis.
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PROJETO NO OESTE – O cultivo de mandioca no Paraná vem evoluindo com o desenvolvimento de diversas pesquisas na área. Desde 2007, por exemplo, a Associação Técnica das Indústrias de Mandioca do Paraná (ATIMOP) e o IDR-Paraná trabalham em parceria para avaliar novas cultivares, aperfeiçoar processos culturais e fazer o melhoramento genético da cultura. O esforço é concentrado na geração de conhecimento que é levado aos produtores.
De acordo com o pesquisador Mario Takahashi, do IDR-Paraná, a cooperação entre as duas instituições também promove a união de todos que se dedicam ao estudo, fomento, cultivo e industrialização da mandioca. A ATIMOP auxilia nos trabalhos com a cultura na Estação Experimental do IDR-Paraná em Marechal Cândido Rondon, no distrito de Porto Mendes, no Oeste.
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Além disso, a associação também mantém um funcionário que auxilia na administração e condução da área, além de cobrir o custeio e boa parte dos investimentos. Na safra 2020/2021, a área cultivada na estação é de 48 hectares, sendo 18,5 ha com mandioca e 29,5 ha com milho safrinha. Outros 18 hectares são ocupados por reflorestamento.
“As culturas de soja e milho entram em esquema de rotação de culturas para minimizar problemas fitossanitários”, informa Takahashi. Um total de 180 novos clones estão sendo avaliados em uma área de 4 mil metros quadrados.
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Takahashi destaca que um experimento, já em estágio avançado, está avaliando o valor de cultivo e o uso de quatro clones, cujo lançamento oficial deve ocorrer no próximo ano. Em conjunto com a Unioeste também estão sendo conduzidos ensaios sobre o manejo de plantas daninhas em novas variedades de mandioca.