Aproximadamente 230 funcionários da Adram, empresa de alimentos à base de milho, foram demitidos das unidades de Mauá de Serra e Faxinal. No fim da manhã de ontem, trabalhadores fizeram uma manifestação em frente e exigiram o pagamento dos valores referentes as rescisões trabalhistas. Após reunião com os manifestantes, a direção liberou o FGTS e o acesso ao seguro desemprego.
Uma ex-funcionária que pediu para não ter o nome divulgado, disse que os colegas de trabalho ficaram apreensivos, com medo de não receberem seus direitos. “Até então, a notícia é que não estava liberado e que a empresa havia feito tudo errado, que não havia depositado o FGTS. Fizemos uma manifestação e nos reunimos com os diretores que nos acompanharam até a Caixa Econômica Federal e lá nos mostraram que o FGTS estava liberado e vamos poder dar entrada no seguro desemprego”, afirma.
Desde a última quarta-feira (4), os ex-funcionários realizam manifestações diariamente e fazem vigílias em frente à sede da empresa em Mauá da Serra e ontem começaram na empresa de Faxinal. “A manifestação se encerrou logo após meio dia, pois entramos em um consenso. Os ex-funcionários que estavam na empresa de Faxinal e Mauá da Serra já se retiraram”, assegura o assessor de comunicação dos manifestantes, Luciano da Silva.
De acordo com ele, os trabalhadores terão que acionar a Justiça para receberem verbas rescisórias, pagamentos de salários atrasados e os 40% de multa rescisória. “Para receber os 40% e os dias trabalhados, acerto férias proporcionais eles terão que entrar na Justiça”, diz.
O advogado do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Apucarana, STIAA, que representa os funcionários, Vanderlei Sartori, conta que, a princípio, a empresa enfrenta uma crise econômica que se agravou com o falecimento do proprietário, no começo do ano. Antes da manifestação ocorrer, ele estava tentando resolver o problema da documentação junto à Caixa Econômica Federal para que os trabalhadores recebessem o FGTS. “Estamos nos movimentando para atender esses trabalhadores, eles não receberam nem o salário do mês. Temos medidas judicias para garantir esse pagamento. Garantir o FGTS é o primeiro passo, pois assim, os trabalhadores vão ter acesso ao seguro desemprego. Estamos tomando as medidas para regularizar o mais rápido essa situação. Nessas duas cidades, o mercado de trabalho já é reduzido, agora imagina como vai ficar a situação após as demissões. Os funcionários serão representados e não podem ficar no prejuízo”, finaliza.
OUTRO LADO
A Adran, indústria de alimentos à base e milho, tem mais de 40 anos de existência. Segundo advogado responsável pelo pedido de recuperação judicial Alan Mincache, o objetivo é tentar superar a crise financeira da empresa, que tenta se reestruturar diante de uma dívida que gira em torno de R$ 70 milhões. “A Adran passa por uma crise financeira econômica por conta do próprio mercado que está inserida, o de commodities. Em razão de diversas quebras, safras de milho com oscilações de mercado, a empresa acabou amargando diversos prejuízos e como o milho é uma commoditie que vem oscilando de preço no mercado, a empresa não conseguiu repassar os custos da industrialização”, esclarece.
Mincache explica que o quadro de funcionários foi reduzido de 485 para 255 para readequar sua operação e evitar uma paralisação completa. Ele garante que os trabalhadores desligados receberão todos os seus direitos. “Todos os haveres rescisórios e saldo de salários devidos aos funcionários demitidos compõem a lista de credores da Adram e vão ser pagos quando a empresa apresentar a proposta de pagamento desses valores no processo de recuperação judicial”, afirma.
O advogado afirma que a Adram não pretende fazer mais demissões, por hora. “A Adram tem função social relevantíssima. Sempre foi uma empresa que contribuiu socialmente para Faxinal e Mauá da Serra. A empresa pretende se recuperar, pois tem uma história e sabe da sua importância no contexto regional. Agora é aguardar o tramite processual enquanto isso estará desempenhando suas atividades normalmente”, conclui.
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