Você já percebeu que parecemos estar sempre em busca de algo? Primeiro ansiamos pela entrada na escolinha, depois sonhamos com a faculdade, idealizamos o emprego dos sonhos, imaginamos que após a aposentadoria iremos curtir a vida, parece que estamos sempre a projetar nossa felicidade em uma fase que está por vir, o que deixamos de pensar é que talvez isso se dê ao fato de que o momento em que estamos agora de alguma forma já não nos satisfaz mais, sempre que alcançamos algo que desejávamos muito, logo colocamos um novo sonho, uma nova vontade, um novo projeto no lugar.
Por vezes também nos afogamos em um consumismo exagerado, gastamos rios de dinheiro no shopping porque “precisamos ter o celular da moda”, ou compramos inúmeros pares de sapatos que não daremos conta de usar, outros comem compulsivamente, enquanto que outros usam e abusam do álcool e de outras drogas, estamos sempre buscando uma forma de preencher um vazio, de aplacar a falta que sentimos. Buscamos nesses objetos uma forma de suprimir aquele “friozinho na barriga” ou o “aperto no peito” que todos nós sentimos de vez em quando, porém todos esses meios que citamos na verdade é apenas uma fuga dessa sensação de vazio, uma fuga disso que nos falta e que não sabemos o que é, uma falta e um vazio que sentimos mesmo quando “temos tudo”.
Passamos a vida toda tentando fugir deste vazio, vivemos em busca deste algo a mais que nos complete, sem entender que este vazio é próprio do ser humano, esta falta é o que nos marca enquanto sujeito, desde o momento em que o bebezinho mama pela primeira vez ele vivencia uma experiência única de satisfação e supõe uma completude, o desejo é a procura por este objeto perdido na primeira experiência de satisfação, que para o sujeito supostamente existiu e durante toda vida ele irá buscar algo que lhe retorne para este estado de satisfação.
É esse desejo que nos põe em movimento, é preciso que haja esta falta, esta sensação de incompletude para que façamos planos, estabeleçamos metas de vida, é preciso buscar esse “algo a mais” para nos sentirmos vivos, porém a forma como lidamos com esta falta faz toda a diferença, podemos compreendê-la a medida do possível e um processo de análise ajuda-nos a entender que esse vazio que sentimos muitas vezes é natural, e não algo patológico, e tendo consciência disso, fica mais fácil lidarmos com isso, sem precisarmos a todo o momento tentar suprimir e buscar essa completude nos relacionamentos, nos objetos que compramos, nas coisas que temos.
É importante ter a percepção de que não é sempre na nossa vida que sentimos esse vazio, às vezes estamos passando por alguns momentos difíceis, e esse sentimento angustiante aparece com mais frequência, a reflexão de entender o que está acontecendo, e de perceber como podemos passar por esse sentimento de uma forma mais saudável sem nos medicarmos é que faz toda a diferença.
Obrigada pela leitura e até semana que vem!