A máscara de tecido se tornou um item obrigatório no dia a dia durante a pandemia de Covid-19. Mas, com o passar do tempo, surgiram relatos de acne na pele do rosto, especialmente na região coberta pela máscara. Então, usar máscara pode dar espinhas? Especialistas dizem que sim.
Esse fenômeno até ganhou um nome: “maskne” ou “mascne”, fazendo alusão à junção das palavras máscara e acne.
Cada vez mais, os médicos dermatologistas estão recebendo nos consultórios pacientes preocupados com a acne que apareceu nos últimos tempos, coincidindo com o uso frequente das máscaras de proteção.
O médico dermatologista Gustavo Saczk, de Curitiba (PR), confirma o aumento na procura dos pacientes em razão do problema. A acne fica concentrada na região coberta pela máscara. De acordo com ele, normalmente, são acne entre os graus 1 e 2, ou seja, de leve inflamação até aquelas com um pouco de pus.
E por que usar máscaras pode dar espinhas? “Ao usar muito tempo a máscara, o local fica mais abafado e isso favorece o desenvolvimento da acne. E pode acontecer tanto em quem já tinha, mas agora mais nesta região, e em pessoas que não apresentavam esse problema anteriormente”, afirma Saczk, contando que o calor faz com que as glândulas de gordura fiquem mais “encharcadas” de água, favorecendo o fenômeno.
E a chegada das temperaturas mais quentes, com a primavera e o verão, pode agravar o problema ou fazer com que mais pessoas apresentem a chamada “maskne”. Saczk lembra que moradores de cidades onde as temperaturas são bastante elevadas também podem ter acne, em função do próprio calor.
Ele explica que o tratamento pode ser simples, com o uso do sabonete e de um creme apropriados. Mas ressalta que a indicação deve ser feita por médicos dermatologistas. “Não deve-se lavar o rosto em excesso, porque haverá produção de gordura como forma de proteção da pele”, enfatiza Saczk. Além disso, o protetor solar não pode ser esquecido e deve ser o adequado para a pele do paciente.
Se usar máscara pode dar espinhas, existe alguma alternativa à ela? “Devemos sim usar a máscara nesse momento e devemos usá-la ainda por um bom período. Mas a máscara deve ser trocada a cada duas horas. É recomendável ter algumas máscaras para trocar se você permanecer um período maior fora de casa”, aconselha Saczk.
Em casa, por exemplo, quando não houver a necessidade do uso da máscara, também é possível deixar a pele “respirar”. Sobre o tecido da máscara, Saczk informa que aquelas impermeáveis tendem a causar mais problemas. No entanto, devem ser observados os tecidos para a eficiência da máscara e a reação de cada pessoa com eles, evitando possíveis alergias (que podem ser outro problema de pele desencadeado pelo dispositivo).
“Ao aparecer a acne, procure um médico dermatologista e não deixe o problema se agravar. Cada caso é um caso e necessita acompanhamento. Comprar um produto ‘por conta’ para tentar amenizar a situação pode até mesmo gerar mais problemas. Em alguns casos, algumas indicações já ajudam o paciente; em outras, é necessário até mesmo o uso de antibióticos. Por isso, o dermatologista precisa ser consultado”, reforça Saczk.