Não deixe se enganar.
A proposta de reforma da Previdência Social, também conhecida como a PEC 287/2016 (Proposta de Emenda à Constituição) tem deixado muitos brasileiros preocupados e o assunto está ganhando cada vez mais o espaço na mídia, fato este que eleva o grau de atenção das pessoas. No entanto, muitas matérias que estão sendo apresentadas, principalmente na TV aberta, abordam o tema de forma bastante superficial e quase sempre com a ideia do governo. Ou seja, a todo instante a sociedade brasileira está sendo influenciada que é necessária a reforma por causa do déficit nas contas da Previdência Social.
O governo federal está fazendo uma grande campanha publicitária no intuito de convencer a população sobre a necessidade (estima-se que apenas com essa publicidade o governo está gastando aproximadamente 300 milhões de reais) da urgência na aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional. Porém, a publicidade do governo está levando em consideração basicamente um aspecto, qual seja: o déficit nas contas da Previdência com base na crise econômica que passa o país.
Ademais, a maior parte dos veículos de comunicação estão passando a informação para a massa da população de forma equivocada ou até mesmo com interesses ocultos, uma vez que poucos são aqueles que estão abrindo espaço para que especialistas no direito previdenciário (por exemplo) possam abordar o tema de forma mais esclarecedora. Observa-se, quase sempre, a presença de economistas que abordam o tema da reforma da Previdência Social somente pelo aspecto fiscal, o que é um grande risco.
A Previdência Social começou a sofrer suas primeiras derrotas a partir do momento que o Ministério da Previdência Social passou a ser incorporado ao Ministério da Fazenda, deixando então de possuir relevância social e sendo tratada somente pelo aspecto fiscal, atuarial, numérico. Essa foi a primeira reforma que o governo federal fez e que a mídia deu pouca importância à época do fato.
De forma altamente amadora a grande mídia está acatando a tese do governo federal no sentido de que a reforma se faz urgente e necessária devido ao déficit nas contas da Previdência. Ocorre que, em nenhum momento o governo apresentou as contas atuarias nas quais possa comprovar esse déficit e, mais uma vez, a população está assistindo a tudo como se fosse normal reformar a Previdência Social sem levar em consideração o seu relevante aspecto social que se propôs na Constituição Federal de 1988.
Seria salutar que a grande mídia abrisse espaço para que especialistas de diversas áreas pudessem debater abertamente o tema da reforma da Previdência Social para que a sociedade possa ter acesso a informação de qualidade e com o mínimo de manipulação por parte de setores do governo e da própria iniciativa privada. Deve-se esclarecer que a reforma da forma está sendo proposta agradará (caso aprovada) aos grandes bancos que oferecem seus planos de previdência privada.
O debate sobre a reforma da Previdência Social está apenas começando e caberá a grande mídia provocar na população o interesse no tema para que o Congresso Nacional se sensibilize e, por conseguinte, sejam pressionados para analisar a relevância e o impacto dessa reforma na sociedade brasileira. Contudo, se a mídia ficar apenas replicando a ideia do governo de que a reforma se faz necessária com urgência na sua aprovação por causa da “crise”, dessa forma a falácia do “déficit nas contas da Previdência Social” parecerá uma verdade absoluta. Um grande perigo isso!
Ora, não se pode acreditar em tudo que é transmitido, como se verdade fosse, em pleno século XXI (o século da informação em tempo recorde) e com o acesso que se tem a tantos dados aumentando significativamente a transparência. Sendo assim, cabe a mídia repassar a informação com o máximo de clareza e abordando as opiniões contrárias e a favor da reforma, cabe a mídia esclarecer a sociedade esse tema tão relevante e de interesse social.
Por fim, a população deve se mobilizar ficando atenta as informações que são passadas diariamente sobre a reforma da Previdência Social, principalmente pela grande mídia brasileira, deve ainda questionar se tudo isso não passa de uma grande manobra para que outros problemas de gestão do governo e do Congresso Nacional passem despercebidos. O debate está apenas no início, é dever de todos observarem com bastante atenção como a mídia está abordando esse tema de altíssima relevância.