Mais de 90 empresas do polo moveleiro de Arapongas vão dar férias coletivas para os funcionários no final deste ano. Segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Arapongas (Sticma), cerca de sete mil trabalhadores serão liberados. A medida é reflexo da queda nos pedidos registrada ao longo do ano e, consequentemente, do aumento dos estoques nas fábricas.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), José Lopes Aquino, revela que os pedidos caíram, em média, 10% em 2022 na comparação com o ano passado. Aquino afirma que a adoção de férias coletivas costuma ocorrer no polo moveleiro, no entanto, ele admite que o número de empresas que decidiram colocar a medida em prática aumentou muito neste ano, o que pode ser considerado algo atípico.
“A maioria das empresas está com os estoques altos e não há necessidade de produzir mais agora. Por isso, a decisão das férias coletivas”, explica. Aquino observa que outras fábricas, que conseguiram algumas vendas de última hora, programaram para liberar os funcionários no período do Carnaval, em fevereiro de 2023.
Ele prefere não usar a palavra “crise” no setor. O presidente do Sima explica que o Black Friday de 2021 registrou um grande número de pedidos, gerando uma movimentação maior das empresas no ano passado. Assim, a maioria das fábricas do polo de Arapongas aumentou a produção. “O problema é que as vendas caíram muito no primeiro semestre de 2022 e as empresas continuaram produzindo durante o ano. Com isso, os estoques ficaram muito altos e a demanda de pedidos ficou aquém do esperado”, assinala Aquino.
Ele afirma que o fechamento das empresas no final do ano não é adequado. “É algo que preocupa, porque seria importante usar toda a capacidade instalada do polo”, analisa. O presidente do Sima afirma que o setor está cauteloso também com a mudança de governo, com a eleição do presidente Luiz Inácio da Lula da Silva (PT). “As férias coletivas também representam uma cautela para o que vai acontecer. De qualquer forma, é ruim virar o ano com muitos estoques, porque as empresas vão começar a produzir as novas linhas em 2023 tendo que vender o que foi produzido ainda em 2022”, diz.
O presidente do Sticma, Carlos Roberto da Cunha, afirma que 93 empresas homologaram no sindicato as férias coletivas. Conforme a legislação trabalhista, é preciso informar a adoção da prática com 15 dias de antecedência. Segundo ele, a maioria das fábricas deverá liberar os funcionários entre 22 de dezembro e 4 de janeiro.
O número de empresas que adotaram a prática das férias coletivas já foi alto em 2021, quando pelo menos 70 liberaram os funcionários no final do ano. “Neste ano, porém, o número aumentou muito. Não é comum”, avalia.
Por Fernando Klein/TNOnline