Com tratamento experimental de terapia CAR-T, paciente teve células modificadas para combater tumor.
Uma terapia contra o câncer que está sendo testada no Brasil permitiu que um paciente diagnosticado há 13 anos tivesse a remissão completa de tumores em apenas um mês. Ele é um dos 14 pacientes atendidos na rede pública de saúde que estão sendo acompanhados em estudos com a terapia celular CAR-T.
O paciente Paulo Peregrino, 61 anos, vivia com um linfoma há cinco anos e já tinha tido outros tumores nos últimos 13 anos. O estágio da doença já era tão avançado que ele estava prestes a ser levado aos cuidados paliativos quando foi selecionado para testar a nova técnica.
“Em abril de 2018, descobri meu primeiro linfoma. Fiz dezenas de sessões de quimios, internações, transplante de medula, quatro biópsias, tive hemorragia nas duas retinas, fui para a UTI… inclusive médicos que consideraram milagre eu ter saído vivo de uma internação e uma cirurgia. Agora eu finalmente posso comemorar a minha terceira remissão. Obrigado, meu Deus, por mais essa oportunidade de vida”, disse Peregrino em uma postagem em seu Instagram.
O que é a terapia celular?
A terapia com células CAR-T é um dos avanços mais promissores da ciência no combate ao câncer. Por meio dela, as células de defesa do paciente são modificadas em laboratório para aprender a eliminar a doença. Depois, são recolocadas no organismo para que se reproduzam, potencializando o combate natural do corpo ao tumor.
O método é feito para o tratamento de cânceres que atingem o sangue. No Brasil, a terapia está sendo estudada para combater a leucemia linfoblástica B e o linfoma não-Hodgkin de células B.
Esse tratamento só existia fora do Brasil ou em escala experimental até ser implementado no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é uma iniciativa do Butantan, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e do Hemocentro de Ribeirão Preto.
O caso
Peregrino foi um dos 14 selecionados para experimentar o tratamento. O caso dele, de uma recuperação em apenas um mês, foi o de maior êxito, mas todos os pacientes estudados tiveram uma redução de seus tumores de pelo menos 60%.
“Por algumas vezes, tememos que ele não resistisse. Paulo lutou muitas batalhas. Só posso dizer que assim como ele também sou grato por estar vivendo para participar e assistir tudo isso acontecendo no Brasil”, afirmou o hematologista Vanderson Rocha, que estava à frente do caso de Peregrino, em seu Instagram.
No segundo semestre deste ano, outros 75 pacientes devem ser beneficiados pelo tratamento para que se cumpra a cota mínima para que a técnica passe a ser reconhecido pela Anvisa. Isso poderia baratear os custos da terapia, hoje em aproximadamente R$ 2 milhões para cada paciente.
Informações: Metrópoles