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No Paraná, ninguém se entende sobre a volta das aulas presenciais na pandemia

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Depois de superada a fase do ‘fechar ou não fechar’, chegamos ao ‘voltar ou não voltar, eis a questão’. E no Paraná, esse questionamento tem sido recorrente num setor, de forma especial: é o da educação, com as escolas (principalmente as particulares) pressionando pela retomada das atividades presenciais. Por outro lado, grande parte dos pais e até mesmo o Estado não parecem tão animados com a ideia.

No Paraná, as aulas presenciais estão suspensas desde meados de março e nos últimos meses começou a ganhar força o movimento de retomada das atividades presenciais. No mês passado, uma ação judicial chegou a ser impetrada em Londrina, no norte do estado, para possibilitar o retorno das atividades educacionais presenciais, mas a Justiça negou o pedido das instituições de ensino. Já nas últimas semanas, o “Movimento de Pais – Volta aula Paraná” realizou protestos (uma carreata e uma caminhada) em Curitiba, para pedir às autoridades que autorizem a reabertura das salas de aula.

Mesmo entre os pais, contudo, a retomada não é unanimidade. Uma evidência disso é a pesquisa realizada com as famílias dos mais de 5 mil alunos que estudam nas treze unidades do Colégio Positivo, na Escola Passo Certo e no Colégio Semeador. Do total de entrevistados, 57,9% disseram preferir que os filhos continuem em casa, recebendo o conteúdo de forma remota. No Paraná, entre as cidades que mais rejeitam a volta das aulas presenciais estão Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa. Por outro lado, há mais pais preferindo a volta às aulas presenciais de forma gradual em Cascavel (PR) e Joinville (SC).

Diretor geral do Colégio Positivo, Celso Hartmann comenta que a pesquisa feita pela instituição revela uma situação comum em todas as escolas particulares brasileiras. “Nenhum município está 100% convencido de que deve voltar. Os benefícios e malefícios causados pelas escolas fechadas ou abertas ainda não estão 100% claros. Se por um lado, o Brasil é o país que mais tempo deixou suas escolas fechadas, nações desenvolvidas que voltaram a receber seus alunos estão presenciando um crescimento no contágio”, pondera.

Saúde define ‘critérios mínimos’ na retomada
Na semana passada, em ofício encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MPPR), o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde (Sesa), explicitou quais os critérios mínimos, definidos com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fiocruz, para que se autorize a retoma das aulas presenciais — ressaltando-se ainda que, dependendo da situação, outros critérios e restrições podem ser impostos.

São os critérios explicitados pela Sesa: (1) a transmissão da doença deve estar controlada, com índice de transmissão (Rt) abaixo de 1, além de uma diminuição constante de no mínimo 50% na incidência de casos confirmados e suspeitos, durante um período de três semanas; (2) o sistema de saúde deve estar apto para detectar, testar, isolar e tratar pacientes e para rastrear seus contatos; (3) os riscos de surto devem estar minimizados; (4) devem ser adotadas medidas preventivas, com a apresentação de um plano detalhado de medidas sanitárias, higienização e garantia de distanciamento entre as pessoas no ambiente escolas, salas de aula e transporte; (5) administrar os riscos de casos da doença originados de outros lugares; e (6) orientar e instrumentar a comunidade para se adaptar às novas regras.

Surtos em instituições podem ser difíceis de detectar
Noutro trecho do documento encaminhado ao MPPR, e ao qual o Bem Paraná teve acesso com exclusividade, a Sesa informa ainda que quase 10% dos casos confirmados de Covid-19 no Paraná envolvem a população com até 19 anos. Além disso, a Secretaria ainda ressalta que essa população apresenta maior tendência a desenvolver casos leves ou assintomáticos.

“Destarte, os surtos em instituições de ensino podem ser difíceis de detectar pela falta de sintomas nesta faixa etária e consequentemente menor número de testes realizados”, escreve a Sesa, citando ainda que é necessário o respeito ao distanciamento físico, higienização das mãos e uso de máscara facial, entre outras medidas preventivas.

Por fim, ainda indica que a retoma das atividades presenciais em escolas particulares só será autorizada quando as escolas públicas também voltarem a receber alunos. Ainda não há data definida ou divulgada para isto acontecer.

Escolas dizem estar prontas, mas não cogitam ‘obrigar’ alunos
Se não há unanimidade entre pais e responsáveis, por outro lado as escolas (pelo menos as particulares) garantem estar prontas para a retomada gradual das atividades presenciais.

O Colégio Positivo, por exemplo, investiu mais de R$ 50 milhões em reformas e melhorias para se preparar para receber os estudantes e professores quando for possível. Conforme o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), diversas outras instituições seguiram pelo mesmo caminho, quebrando paredes para aumentar as salas de aula, demarcando locais de espera para garantir o distanciamento social em lugares como banheiros e refeitórios e até mesmo adquirindo equipamentos de proteção individual (EPIs) sob medida para alunos e funcionários.

A ideia, contudo, é que, mesmo com o retorno, nenhum aluno seja obrigado a ir até a escola. Ou seja, caso não se sinta seguro, seja do grupo de risco, tenha suspeitas ou sintomas ou ainda tenha alguém em casa do grupo de risco, o recomendado é permanecer em casa.

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