A cada 14 minutos e meio, uma vida é ceifada no trânsito brasileiro. Conforme dados do Ministério da Saúde, tabulados pelo Bem Paraná por meio do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), entre os anos de 1996 e 2019 foi registrado um total de 868.866 óbitos nas ruas e estradas do país. Apenas no Paraná, terceiro estado com maior número de registros, foram 70.206 mortes no período (8,1% do total), o equivalente a um falecimento a cada três horas, em média. De 18 a 25 deste mês é marcado pela Semana Nacional de Trânsito.
Os números provocam espanto, mas as estatísticas mais recentes, por outro lado, trazem também um alento, uma esperança. Uma boa notícia, ao menos. É que em 2019, último ano com dados disponíveis, o número de mortes no país caiu pelo quinto ano consecutivo, com um total de 30.371. Trata-se ainda do menor registro desde o ano 2000, quando 28.995 vidas foram perdidas em ‘acidentes de transporte terrestre’.
No Paraná, a situação é parecida. Com três quedas seguidas, o número de mortes no trânsito do estado no ano passado foi de 2.397. É o melhor resultado em mais de duas décadas, ficando atrás de 1991, quando 2.343 mortes foram registradas nas ruas e estradas pelo estado.
As boas novas, entretanto, ficam por aí. Isso porque o Paraná, tanto em 2019 como no acumulado entre 1996 e 2019, aparece como o terceiro estado brasileiro com mais óbitos no trânsito. No comparativo anual, apenas São Paulo (4.559) e Minas Gerais (3.072) registraram mais tragédias ao longo do último ano. Considerando o acumulado das últimas décadas, novamente temos São Paulo na liderança (166.693), seguido por Minas Gerais (83.024).
Por fim, se considerarmos o número de óbitos de acordo com as figuras que compõem o trânsito (pedestre, ciclista, motociclista, ocupante de automóvel, etc), temos no Brasil uma situação curiosa, na qual a maior parte das mortes (27,64% do total entre 1996 e 2019) se enquadram no grupo “outros acidentes de transporte”, que engloba ocupantes de trem, de veículo a tração animal, veículos de uso agrícola e para área industriais, entre outros. Na sequência aparecem ainda os pedestres (25,16%), os motociclistas (20,72%) e os ocupantes de automóvel (20,04%).
No Paraná, por sua vez, o cenário é diferente e os grupos que aparecem como mais expostos ou suscetíveis a risco no trânsito são os ocupantes de automóvel (vítimas em 25,7% dos casos), seguido pelos pedestres (24,08%), outros acidentes de transporre (23,54%), e motociclistas (17,76%).
Curitiba concentra 19% dos veículos e 12% dos óbitos
Curitiba, capital do Paraná, é a cidade que concentra o maior número de óbitos no trânsito, conforme os dados do Ministério da Saúde, com um total de 8.473 mortes entre 1996 e 2019, o equivalente a 12,07% do total de falecimentos em acidentes de transporte terrestre no estado. Se considerado o número absoluto, na sequência aparecem ainda os municípios de Londrina (3.136), Maringá (2.304), Cascavel (2.291) e Foz do Iguaçu (1.923).
Por outro lado, se considerada a frota de veículos do Paraná, cujos dados são divulgados mensalmente pelo Departamento deTrânsito (Detran), temos que a capital paranaense soma uma frota de 1.464.535, o equivalente a 19% da frota no estado, com 7.558.770 veículos. Além disso, chama a atenção que, mesmo em meio à pandemia, a frota municipal e estadual de veículos cresceu, com variação de 0,47% e 0,7% entre os meses de março e julho, respectivamente.
Número de internações e gastos com serviços hospitalares também caem
Na esteira da redução no número de mortes no trânsito brasileiro e paranaense em 2019, também verificou-se uma importante queda no número de pessoas internadas por conta de ocorrências desse tipo, o que se refletiu, por sua vez, nos gastos do sistema de saúde.
No Brasil, foram 174.484 internações decorrentes de acidentes de transporte no último ano, o que aponta para uma queda de 5,77% na comparação como ano anterior, quando haviam sido 185.167. Essa redução refletiu diretamente nos gastos com serviços hospitalares em situações do tipo, que caiu 6,55%, passando de R$ 219,2 milhões em 2018 para R$ 204,86 milhões em 2019.
Jáno Paraná, a queda nas internações foi ainda mais significativa, de 17,99%, passando de 10.689 em 2018 para 8.766 no ano passado. Essa redução mais expressivanas internações também refletiu uma redução maior nos gastos hospitalares, naordem de 16,99%, passando de R$ 13,26 milhões para R$ 11 milhões.