A paralisação de trabalhadores do setor aéreo em 12 aeroportos do país já causa transtornos aos passageiros.
Com uma hora de paralisação, o aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, não havia registrado nenhuma decolagem até7h20.
Segundo a assessoria da Infraero, que administra o aeroporto, eram previstas 38 decolagens para o período entre 6h e 8h.
No aeroporto, um grupo segurava, por volta de 6h30, placas com a frase “Nossa segurança é a sua”, além de faixas. Membros do sindicato da categoria falavam ao altofalante com aqueles que aderiram à paralisação.
Entre 6h e 8h20, nove voos estavam atrasados e outros nove haviam sido cancelados. Em alguns casos, os atrasos chegavam a duas horas.
Márcio Guimarães, 56, diz que soube da paralisação na noite anterior, por veículos de comunicação, mas resolveu ir até o aeroporto na expectativa de que a paralisação fosse curta e seu voo fosse remanejado.
Mas o voo para Uberlândia (SP), que deveria sair às 6h30 pela TAM, foi cancelado. “Vou pegar o próximo, às 13h30, que ainda meatende, mas já estou remarcando reunião de trabalho para a tarde”.
Paulo Salinas, 26, analista de sistemas, estava voltando de Cancún (México) com a noiva e familiares para São José do Rio Preto, no
interior de São Paulo. Parou em Congonhas para uma escala e descobriu que o voo das 7h, pela TAM, ficaria para as 11h. ” A
companhia aérea avisou há dois dias por email que o voo seria remanejado, sem explicar o motivo, mas como estávamos viajando,
não vimos”, conta.
De acordo com a TAM, até as 6h30 desta quarta 12 voos tinham sofrido atrasos. A companhia aérea informou que passageiros com
voos domésticos agendados entre 6h e 18h ou voos internacionais entre 6h e 8h desta quarta estarão liberados das taxas de remarcação e da diferença de tarifas para que antecipem os voos ou adiem viagem em até 15 dias a partir da data do voo original, mediante disponibilidade.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos, dos 87 voos programados entre meianoite e 7h, um tinha sido cancelado, duas decolagens tinham atrasos superiores a 30 minutos e dois voos que pousariam no local tinham atrasos de mais de 30 minutos.
A Infraero ainda não sabe informar o número de voos afetados pelo protesto. No entanto, os passageiros mais afetados serão aquelesque tem voo entre 6h e 8h, tempo previsto da paralisação.
A paralisação foi convocada por sindicatos dos aeronautas (comissários e pilotos) e dos aeroviários (profissionais que atuam em solo)cobram reajustes salariais de 11% para repor a inflação.
SUL
Passageiros que chegavam para os primeiros voos da manhã no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), nesta
quarta (3), se depararam com uma cena incomum no saguão: pilotos de diferentes companhias aéreas juntos protestando.
03/02/2016 Funcionários de companhias aéreas aderem a paralisação no país 03/02/2016 Mercado Folha de S.Paulo
http://tools.folha.com.br/print?site=emcimadahora&url=http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/02/1736492funcionariosdecompanhiasaereasader… 3/3
A maioria dos passageiros entrevistados pela Folha não foi avisada pelas companhias aéreas sobre a paralisação e a possibilidade de
remarcar o voo. É o caso da arquiteta Amanda Genrke, 29, que viajará para Curitiba (PR) a trabalho pela TAM e que ficou sabendo sobre a greve através da imprensa.
“Fiquei acompanhando o site do aeroporto e vi que o despacho das malas estava aberto, daí vim. Mas ninguém avisou nada. Se atrasar mais de uma hora é melhor eu ficar e trabalhar de casa”, diz Amanda.
“Não nos disseram nada e o jeito vai ser esperar aqui mesmo”, disse a dona de casa Aline Fontana, 24, que vai ao Rio de Janeiro, pela Gol.
Grupos com pacotes turísticos também não foram avisados da greve e vão encarar o atraso.
“Vimos o grupo de pilotos na entrada do aeroporto e aí descobrimos que vai atrasar. Contratamos um pacote de uma operadora e não tem como remarcar”, diz Roberto Oliveira, 25, representante comercial, que vai ao Rio de Janeiro, pela Gol, para fazer um cruzeiro.
Há situações mais complicadas como, por exemplo, quando o passageiro tem um outro voo marcado na sequência, por outra
companhia. É o caso do construtor naval Antônio Romário, 27, que vai a Congonhas pela TAM para embarcar em outro voo. “Não me
avisaram. Se o atraso for de 1h40 como diz o painel perderei a segunda viagem”, diz.
SEM MINISTRO
O presidente da Frente Parlamentar dos Aeronautas (FPAer), na Câmara Federal, o deputado Jerônimo Goergen (PPRS), diz que o descaso com o setor é tão grande que a “Aviação não tem sequer um ministro”. “O cargo [no Ministério da Aviação] é usado como
barganha”, disse Goergen à Folha. O exministro Eliseu Padilha (PMDB) deixou o cargo no ano passado por desavenças com o governo e a vaga ainda não foi preenchida.
“A greve é consequência de um descaso que o poder público tem com o setor, justamente em um ano de Olimpíada [quando haverá
maior movimentação nos aeroportos]. Há um processo de fadiga humana entre os pilotos e má remuneração. Não podemos transferir os prejuízos aos pilotos”, diz o deputado.