Ao apresentar sintomas como febre, dor pelo corpo e enjoo a dona de casa Luzia Gonzales dos Santos, 35 anos, decidiu procurar atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Apucarana, no norte do Paraná, na tarde da última quinta-feira (4). Ela conta que chegou ao local por volta das 13 horas e até às 16h30 – horário em que concedeu entrevista – ainda não havia sido atendida. Assim como a dona de casa, centenas de apucaranenses estão lotando os pontos de atendimento de saúde do município, que enfrenta uma epidemia de dengue. Só na UPA, mais de 900 pessoas foram atendidas no dia de maior movimento pós-feriado, três vezes a capacidade da unidade.
Debilitada, Luzia conta que precisou deixar as três filhas pequenas com sua mãe para procurar atendimento médico. “Minha mãe nem podia ficar com minhas filhas, só aceitou porque liguei para ela chorando. Estou sentindo muita dor. Acho que eles deveriam saber separar quando a gente está com dor. Sei que é muita gente para atender, mas a dor não espera”, reclamou.
O costureiro Diego Zacarias, 20 anos, que também buscou atendimento na UPA com sintomas de tosse, febre e vômito, na fila há mais de 3 horas, reclamou da longa espera e revela que é a segunda vez que procura a UPA nesta semana. A primeira vez foi na madrugada de quarta-feira, quando desistiu de procurar atendimento devido ao grande número de pacientes na fila.
“A UPA está sempre lotada. É muito difícil eu procurar médico, quando venho é porque estou mal mesmo e hoje perdi a tarde inteira esperando. Tudo que eu queria era estar em minha casa descansando”, reclamou.
Na opinião do jovem, há necessidade de ampliar o atendimento à população que não tem condições de pagar consulta particular. “É muita gente procurando atendimento. Acho que se tivesse um outra UPA reduziria a fila de espera”, afirmou.
A epidemia de dengue enfrentada pelo município, que soma, de acordo com dados preliminares, cerca de 800 casos confirmados, com 14 pacientes internados no Hospital da Providência – seis confirmados e oito com sintomas -, incluindo um em estado grave, acirrou o problema da superlotação da UPA.
Apesar da prefeitura ter disponibilizado uma UBS específica para casos de dengue que exigem maior atenção, muitos pacientes com sintomas procuram a UPA, que tem capacidade oficial de 280 atendimentos e é voltada para casos de urgência e emergência, mas recebe pacientes encaminhados pelas UBS e também em livre demanda. Com funcionamento 24 horas, é a principal porta de entrada da saúde pública no período noturno e nos finais de semana.
Nos últimos dias, muitos pacientes da UPA estão com sintomas da doença. Entre eles estão os dois filhos da apucaranense Heliamarisa Felicidade Garcia, 38 anos. Um deles, de 18 anos, passou mal e precisou ser encaminhado à UPA por uma ambulância após um desmaio. Além de febre e fraqueza, o jovem apresentou manchas vermelhas pelo corpo.
A família mora no bairro Cidade Educação, ao lado do Núcleo Habitacional Dom Romeu Alberti, zona norte. Assim como outros pacientes Heliamarisa reclama na demora no atendimento. “Está faltando atenção para a saúde que está um caos em Apucarana. Os postinhos estão sempre lotados e sempre demoram para atender”, afirmou.
OUTRO LADO
O secretário de Saúde de Apucarana, Emídio Bachiega, afirma que além da UBS Bolívar Pavão, a saúde também está encaminhando pacientes com suspeita de dengue para a UBS Romeu Milani, na área central. Ele afirma que nesta sexta-feira a demanda de atendimento da UPA estava mais controlada. Até as 16 horas, cerca de 200 pessoas tinham sido atendidas. “Abrimos as UBS para esse atendimento de dengue e estamos fazendo tudo o que é possível para minimizar esses problemas, mas temos que pedir paciência e bom senso da população nesse momento difícil que estamos enfrentando por conta da epidemia”, comenta.
Informações: TnOnline