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Editorial Edição 251 – Temer pode estar perdendo oportunidade histórica

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O presidente Michel Temer tem a oportunidade de enriquecer seu currículo político e encerrar com mérito sua longa carreira de homem público. Pela situação do País em que ele foi chamado constitucionalmente a assumir e pela exiguidade de tempo, a tarefa é árdua, mas pode ser consagradora se a bom termo for conduzida.

Neste início de interinidade, que pode se tornar definitiva, percebe-se alguns equívocos capazes de deslustrar o final da vida pública de Temer e impedi-lo de deixar seu nome consolidado na história republicana do Brasil.

Temer deve ter plena consciência do que é preciso ser feito e da determinação que necessita para fazê-lo. Dar os primeiros passos e sinalizar vontade de mudar e de melhorar a situação é receita primária, para conquistar credibilidade e conseguir adesão às medidas, projetos e programas, especialmente, quanto às reformas que o País reclama. Precisa passar confiança e esperança na recuperação. A partir disto, a própria sociedade irá se encarregar de cobrar do Congresso o apoio necessário.

Infelizmente, o presidente não está dando demonstrações convincentes. Começou cedendo a pressões do Congresso e de partidos, inclusive o seu, para formação do gabinete ministerial, sendo compelido a nomear ministros e assessores do primeiro escalão, com passado pouco ético, alguns citados, envolvidos e até denunciados por irregularidades na gestão pública e em investigações sobre corrupção.

O presidente tem declarado apoio à Lava Jato, que está passando o Brasil a limpo, porém, ao engajar, no governo, políticos envolvidos ou investigados por essa mesma operação, passa a impressão de que o discurso não é consistente. Esses assessores podem colocar Temer em situação constrangedora e ter de ficar se justificando.

Prova disso foi o episódio com o ministro Romero Jucá, envolvendo, ainda que indiretamente, o nome do presidente em suposta articulação para enfraquecer a Operação Lava Jato, a qual, para a população, é um ícone na luta contra a corrupção. Tal fato compromete seriamente a credibilidade do governo, mesmo que proveniente de armadilha preparada por alguém de pouca ou nula credibilidade. O presidente revelou outras fraquezas políticas, como recuar na transformação do Ministério da Cultura em Secretaria e também ao aceitar que parlamentares definissem o nome do líder do governo na Câmara.

Até o momento, o destaque é a equipe econômica, integrada por experientes e competentes nomes da área, que já mostra sinais positivos, ainda que a economia brasileira seja extremamente problemática e onde resultados não aparecem de imediato.

Entendo que Michel Temer precisa adotar as medidas, ainda que amargas, discutir os projetos com transparência, cultivar o diálogo, mas ser inflexível nos pontos mais sensíveis para a sociedade. Contar com apoio popular é ponto decisivo, e a população tende a apoiar a partir da percepção de firmeza, de ética e de efetivas mudanças.

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