Todos nós temos nossas barreiras e limitações, podendo elas serem físicas como acontece em alguns momentos com os cadeirantes, com os surdos, mudos, anões e por aí vai ou elas podem estar relacionadas a questões mais psíquicas e emocionais como nossos medos, traumas e resistências. A questão é que sempre há uma limitação, alguma coisa que nos barra, que nos impede de fazermos tudo o que queremos, que nos impede de sermos completos, sempre haverá alguma coisa faltando, pois somos seres barrados.
Mas em contrapartida também carregamos conosco uma série de habilidades, potenciais e capacidade. Assim como há coisas que nos limitam, existem inúmeras outras que nos fazem seguir em frente. Quando nós nos concentramos apenas naquilo que gostaríamos de fazer ou de ter e não podemos por qualquer que seja a razão, acabamos por não conseguir enxergar todas as outras possibilidades que temos ao nosso redor, acabamos nos tornando pessoas insatisfeitas e que reclamam do que tem, desejam sempre mais, nunca saciados, temos inveja, fazemos constantes comparações e por vezes carregamos conosco a agressividade.
Tudo bem nos sentirmos insatisfeitos de vez em quando, sonharmos alto e até desejarmos aquilo que sabemos que não poderemos ter, mas será que vale a pena viver olhando apenas para o impossível? Para o inalcançável? Investir toda nossa energia e esforço em algo que sabemos que não nos levará a lugar algum? Quando vemos apenas o que falta, na falta ficamos, quando nos concentramos apenas no que não temos ou no que não podemos fazer, anulamos o resto e sem perceber acabamos por deixar o vazio nos dominar, passamos a viver apenas em função desta falta que nos insatisfaz, passamos a viver angustiados e insatisfeitos, e a questão que fica é: será que viver assim é realmente viver ou é apenas uma espécie de morte em vida? Pois quando deixamos de buscar ao nosso redor substitutos para ocupar este lugar de falta, quando deixamos de desejar e apenas pensamos no que falta, ficamos estagnados, como se tivéssemos em um limbo eterno.
A falta, o vazio, as limitações, as barreiras e frustrações sempre estarão presentes, elas de alguma forma fazem parte da nossa marca enquanto sujeitos, é da falta que nasce o desejo, mas é a forma como lidamos com aquilo que nos falta é que faz a diferença.