Desde o final de novembro, o anúncio da descoberta de uma nova variante do coronavírus assustou o mundo. Uma nova variante, com mais de 50 mutações em relação à cepa original do Sars-Cov-2 e atingindo o continente menos vacinado do mundo, foram ingredientes suficientes para gerar essa preocupação.
Mas o mais assustador foi a velocidade de propagação da variante, apresentada desde o seu início. A Ômicron chegou na África do Sul, quando a pandemia parecia estar chegando ao fim no país. O número de médio diário de novos casos de Covid-19 no país estava em 257,71 no dia 5 de novembro, o menor número desde 1º de maio de 2020. No último dia 17, este número chegou a 23.437,14. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas da África do Sul, dos novos casos diários, aproximadamente, 15 mil são da variante.
Essa alto nível de transmissibilidade da nova variante vem sendo confirmado pela rapidez com que ela está se espalhando pelo mundo. No mais recente boletim sobre o tema, da Organização Mundial da Saúde(OMS), a Ômicron já tinha sido detectada em 89 países. E estima-se que o número de casos leve de 1,5 a 3 dias para dobrar em áreas com transmissão comunitária da variante.
Na Europa, a variante está se propagando “como um raio”, segundo o primeiro-ministro francês Jean Castex, ao anunciar, no sábado passado, que a Ômicron vai se tornar predominante naquele país e serão adotadas novas medidas de restrição a viajantes com origem no Reino Unido. A Ômicron já é responsável por 60% dos casos de Covid-19 na Inglaterra e 80% em Londres, segundo o secretário de Saúde da Inglaterra, Sajid Javid.
O Reino Unido já teve registro de 12 mortes de pessoas contaminadas pela nova variante. E o número de casos da doença aumentou em 12 mil em 24 horas. O país estava no dia 19 com 104 pessoas internadas com a Ômicron(90% delas não tinham sido vacinadas).
Na Áustralia, na última quarta-feira, o estado mais populoso do país, New South Wales (NSW), registrou 1.360 novos casos de Covid, sendo 25 deles infecções pela Ômicron. Agora, NSW registra 89 casos da variante. Outros estados australianos, como Queensland e Victoria, também já registraram contaminações pela variante. A população australiana apresenta alta taxa de vacinação também, com cerca de 77% de pessoas elegíveis completamente imunizadas.
Japão e China também têm casos confirmados de Ômicron em seus territórios. Na terça-feira, o governo japonês e as autoridades de saúde locais confirmaram 144 novos casos de Covid, sendo 15 deles da Ômicron. Agora o país registra 32 contaminações pela variante. Já a China teve seu primeiro caso da variante confirmado essa semana, na cidade de Tianjin, ao sul da capital, Pequim. Os dados de vacinação da China não são disponibilizados pelas autoridades locais, mas o Japão tem 77,8% da sua população completamente vacinada.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, informou na última sexta-feira que a Ômicron foi detectada em 39 estados. As médias diárias no país foram de 119.500 casos e 7.800 internações hospitalares. Um aumento de 4% na comparação com a semana anterior. Já em relação ao número de mortes, a média diária chegou a 1.200, um aumento de 8%.
O Ministério da Saúde brasileiro divulgou um balanço na última quarta-feira, com o registro de 19 casos de Ômicron no Brasil. As infecções foram registradas em São Paulo (13), no Distrito Federal (2), no Rio Grande do Sul (2) e em Goiás (2). Há ainda, segundo o Ministério, sete outros casos sendo investigados em Goiás (2) e Minas Gerais (5).
A Prefeitura de São Paulo informou, na quinta-feira (16), que a Secretaria Municipal de Saúde monitora 22 casos de coronavírus de pessoas que foram a uma festa em que havia um paciente contaminado com a Ômicron.
Uma das primeiras estratégias adotadas pelos países para conter a disseminação da nova variante foi a de bloqueios totais ou parciais para voos internacionais. Pelo menos 78 países adotaram a medida.
O Brasil foi um destes países. Foram proibidos de voos com destino, origem ou passagem por África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a obrigatoriedade de comprovante de vacinação para viajantes que chegarem ao país. Barroso entende que o ingresso diário de milhares de viajantes no país, a aproximação das festas de fim de ano, de eventos pré-carnaval e do próprio carnaval apresentam um “inequívoco risco iminente”.
A OMS demonstrou preocupação com a desigualdade nas taxas de vacinação entre países ricos e pobres. Além disso, a Organização reforçou a importância de manter as medidas restritivas e as políticas sanitárias para controlar a pandemia. “Não são vacinas em vez de máscaras. Não são vacinas em vez de distanciamento. Não são vacinas em vez de ventilação ou higiene das mãos. Faça tudo. Faça isso de forma consistente. Faça isso bem.” disse em nota.
No mesmo comunicado, a OMS aponta que apesar das indicações de que a Ômicron cause doenças menos graves, o grande número de casos pode mais uma vez sobrecarregar os sistemas de saúde despreparados.