O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta quinta – feira, 1, em entrevista ao telejornal SBT Brasil, que um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não virá de dentro do Congresso Nacional, onde estão protocolados dezenas de pedidos, mas das ruas.
“A força do impeachment, se houver, vem da rua, e não de dentro do Congresso. Com o Collor foi assim”, afirmou o tucano. O discurso moderado do ex-presidente contrasta com o dos deputados do PSDB na Câmara, que integram o movimento pluripartidário pelo impedimento da presidente.
Ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT, FHC disse que ainda não examinou “com cuidado” a petição protocolada na Câmara pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr, mas questionou a argumentação apresentada pela dupla. “Eles argumentam que foi de tal natureza a agressão à Lei de Responsabilidade Fiscal (no caso das pedaladas fiscais) que isso configuraria o impeachment. Talvez tenham razão, mas não basta. É preciso que a população entenda. Você falar de pedalada fiscal é muito abstrato” .
O pedido de impeachment assinado por Bicudo e Reale Jr, considerado pelos partidos de oposição o mais consistente entre os que foram protocolados na Casa, tem como base as chamadas pedaladas fiscais.
A manobra, que está sendo analisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), consiste no atraso de repasses do Tesouro Nacional para instituições financeiras públicas e privadas que financiam despesas do governo, como benefícios sociais e previdenciários, Bolsa Família, seguro-desemprego e os subsídios agrícolas.
Sobre a reforma ministerial promovida por Dilma, que entregou 7 ministérios ao PMDB, FHC afirmou que o “pragmatismo” é necessário sempre, mas que também “é necessário ter valores”. “Talvez para ganhar uma sobrevida sim, ela esteja certa”, afirmou o tucano.
Questionado sobre a troca de e-mails entre executivos da construtora Odebrecht que indicam que o Lula, em sua gestão no Palácio do Planalto, fez lobby para a Odebrecht, Fernando Henrique Cardoso disse considerar “normal” que os presidentes defendam os interessas das empresas do seu País”.
Fonte: Estadão