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Paleontólogo identifica ovos de dinossauro em fósseis achados no interior de SP

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O paleontólogo Willian Nava, diretor do Museu de Paleontologia de Marília, identificou cinco ovos de dinossauros entre os fósseis encontrados durante escavações, em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Ele acredita que os ovos foram postos por um dinossauro terópode carnívoro que viveu na região há pelo menos 65 milhões de anos.

Os fósseis ainda são objeto de estudos, realizados com o apoio de outros paleontólogos brasileiros. “São achados raros que nos ajudam a entender a transição dos dinossauros aviários para os terrestres”, disse.

Os dinossauros terópodes eram bípedes, apoiando o corpo sobre os membros traseiros, mais desenvolvidos que os dianteiros. Eles foram mais abundantes durante o cretáceo superior, entre 65 milhões e 80 milhões de anos.

Nava anunciou a descoberta na quarta-feira, 29, depois que a revista iScience publicou o achado de um embrião fossilizado no interior de um ovo de dinossauro, preservado em um museu da China. “Não sabemos se nossos ovos têm embriões, mas é um achado importante, pois é muito difícil encontrar ovos fossilizados, já que são estruturas muito frágeis”, disse.

Os cinco ovos que ele identificou como de terópodes estavam no mesmo local em que foi encontrada uma ninhada com ovos de crocodilos, em junho deste ano.

Nava realiza escavações no sítio paleontológico de Presidente Prudente há mais de uma década. No ano passado, o local foi tombado pela prefeitura que decidiu cercar a área com alambrado. Durante a obra, apareceram fragmentos de fósseis em uma área que ainda não tinha sido pesquisada. “Em setembro de 2020 encontramos os primeiros indícios de cascas de ovos e continuamos a escavar. Um mês depois, recolhemos oito ovos de crocodilomorfo (réptil pré-histórico)”, contou.

Já neste ano, foram achados mais ovos no local e um deles tinha um formato diferente. “Pesquisamos e concluímos que era um ovo de dinossauro. Foi só continuar a escavação e nos deparamos com outros ovos iguais.”

Segundo o pesquisador, os ovos de dinossauro são maiores que os de crocodilos encontrados no mesmo local e medem de 12 a 13 cm de comprimento por 6 a 7 cm de largura. A textura da casca também é diferente, segundo ele. “Enquanto a do crocodilo é lisa, a do dinossauro terópode apresenta pequenas ondulações.”

Os cinco ovos foram levados para o museu de Marília. Nava já os comparou com imagens de fósseis semelhantes de dinossauros carnívoros encontrados na Argentina, na Mongólia e na China. Os estudos devem prosseguir em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) para validar a identificação da espécie de dinossauro que pôs os ovos e perscrutar seu interior com a ajuda de equipamentos especiais.

“A partir do momento em que nos debruçarmos sobre esse material, esperamos obter informações importantes para entender aquele período muito remoto. Não será surpresa se dermos com um embrião também”, disse.

O achado, segundo ele, realça a importância do sítio paleontológico de Presidente Prudente, onde também foram encontrados ossinhos e até dentes de aves do período cretáceo. Reforça, ainda, a tese de que o interior de São Paulo, especialmente o oeste paulista, foi um grande parque de dinossauros em eras passadas.

“Todo esse conjunto de fósseis vai trazer informações relevantes para ajudar a entender o ambiente em que esses animais viveram e como se deram as mudanças que transformaram nosso interior paulista no que ele é hoje”, disse.

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