Após a realização de vários cursos de formação, a Prefeitura de Apucarana lançou nesta segunda-feira (28/09) o Programa de Meliponicultura (Promelipo). O incentivo ao cultivo das abelhas sem ferrão é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Agricultura, em parceria com a Associação de Meliponicultura de Apucarana (Amelipo) e o Instituto Saúde Natural. Atualmente, existem 49 produtores formados e, no mês de outubro, tem início um novo curso visando ampliar a capacitação.
De acordo com o secretário municipal de Agricultura, João Carmo da Fonseca, o programa prevê várias ações, como a implantação de um meliponário solidário e estudantil, além de um trabalho chamado de colmeia urbana que visa popularizar o conhecimento do cultivo da abelha sem ferrão. Também está prevista a implantação da Casa do Mel, um espaço coletivo destinado ao processamento e certificação do produto para a comercialização.
Fonseca afirma que o Município vem incentivando o cultivo da abelha sem ferrão desde 2013, viabilizando em parceria com a Amelipo e o Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) cinco cursos de formação. “Foram repassadas técnicas de manipulação, extração do mel, captura e divisão das comeias, entre outras. A criação de espécies sem ferrão não gera riscos aos produtores e pode envolver todos os membros da família.Os principais objetivos da iniciativa são a preservação das abelhas nativas, educação ambiental e geração de renda a pequenos produtores”, frisa Fonseca.
O lançamento do programa também contou com uma palestra do professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Vagner de Toledo, especialista em abelhas e que integra a Câmara Técnica de Meliponicultura do Paraná. Toledo esteve acompanhado de Maria Vanderly Andrêa, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, que está desenvolvendo o pós-doutorado sobre as potencialidades e necessidades da cadeia apícola do Paraná.
De acordo com o professor da UEM, o cultivo da abelha sem ferrão ainda precisa ser regulamentado no Estado para que a atividade seja alavancada. “No Brasil, somente os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina regulamentaram a criação, enquanto a Bahia tem regulamentada a comercialização”, cita Toledo.
Segundo ele, a Câmara Técnica de Meliponicultura do Paraná está discutindo o assunto desde 2011 junto aos órgãos regulamentadores, como Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). “Temos produtores em quase todos os municípios do Estado, mas sem a regulamentação a atividade ainda é considerada como crime”, afirma Toledo.
Quanto à comercialização, ele afirma que o negócio ocorre, na maioria dos casos, informalmente no mercado. “No Paraná, apenas uma associação da região do Litoral do Estado conseguiu autorização da Adapar para comercializar, por isso praticamente não existe mel certificado e inspecionado à disposição nas farmácias, supermercados ou estabelecimentos de produtos naturais. O que existe, na maioria, são produtos comercializados informalmente”, observa.
Conforme Maurício Gregório, presidente da Aamelipo, existem cerca de 350 espécies de abelhas sem ferrão catalogadas no Brasil. “Em Apucarana, são encontradas principalmente a jataí, tubuna, mandaçaia e mandaguari”, cita, informando que, além da capacitação, a próxima ação que será desenvolvida junto aos produtores associados é a “primavera jataí”. “Nesta época elas começam a soltar os enxames, as novas famílias. É o momento para fazer a captura e colocar nas caixas”, explica.
O próximo curso iniciará no dia 26 de outubro, sendo que as aulas vão ocorrer a cada 15 dias no salão nobre da Prefeitura de Apucarana. “A continuidade da formação de produtores é uma das metas do programa de meliponicultura, pois já existem 70 produtores na lista de espera. O curso terá duração de 40 horas/aula, sendo 30 horas teóricas e outras 10 horas práticas”, afirma, salientando que as inscrições podem ser feitas na Secretaria Municipal de Agricultura e que a associação fornece as caixas para a captura dos enxames.
Fonte: Prefeitura Municipal de Apucarana