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Estudo que durou 9 anos liga atividade física ao fortalecimento de propósito e à vontade de viver

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A prática frequente de atividade física pode estar relacionada com a capacidade do ser humano de encontrar propósito na vida, aponta um estudo americano. Pesquisas anteriores já haviam comprovado os benefícios da prática esportiva no controle de doenças e no aumento da expectativa de vida.

Após nove anos de observações e mais de 18 mil participantes, entre homens e mulheres a partir dos 50 anos, a investigação mostrou que quanto mais forte o senso de propósito na vida, mais ativas as pessoas são – e vice-versa.O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e da Universidade de Warwick, no Reino Unido, foi publicado no periódico científico americano “Journal of Behavioral Medicine”.

Os pesquisadores definem propósito na vida como a habilidade de desenvolver “metas e objetivos que dão direção e significado à vida.”

Silvania Dutra, de 49 anos, é professora de ensino básico em Munhuaçu (MG). Após perder a irmã mais velha e a mãe em um intervalo de apenas seis meses em 2017, ela se voltou para as corridas.

“No começo eu perdi meu chão. Depois, busquei outros estímulos para continuar vivendo. No meu trabalho, o pessoal começou a me chamar de fênix, falando que eu ressurgi das cinzas”, comenta Dutra.
“Quando mais a gente corre, mais dá vontade de correr”
Ela revela que os primeiros meses após a morte da irmã, Maria Lúcia, foram os mais difíceis. Além de irmãs, as duas eram muito amigas, trabalhavam juntas e passavam muito tempo uma na companhia da outra.“Apesar de sermos de uma família grande, nós duas éramos confidentes e estávamos sempre juntas. Eu sou viúva há 17 anos e ela era separada. Vivíamos uma para a outra e para nossos filhos”, revela Silvania.

Seis meses depois, quando se preparava para correr sua primeira grande prova, a mãe faleceu em decorrência de uma cirurgia cardíaca. Dessa vez, entretanto” Quando eu corri a minha primeira prova, eu senti que tinha que correr por elas também. Eu estava ali por nós três. Eu tinha a oportunidade de viver – e isso é uma dádiva. No começo eu corria para não pensar nas coisas ruins, e hoje eu gosto. Quanto mais a gente corre, mais dá vontade de correr”, afirma., ao invés de ceder para a depressão, resolveu expurgar o sentimento de dor e tristeza na prática esportiva.

Por incentivo de colegas, aceitou o convite para ir a um treino de corrida. Em sua primeira experiência, conseguiu percorrer 5 km – a distância é considerada um marco para corredores amadores.Atividade física e bem-estar
Embora a prática da atividade física esteja relacionada à melhora da qualidade de vida, estatísticas globais mostram que muitas pessoas, especialmente a população de meia-idade ou mais velha, não são adeptas ao hábito de se exercitar.

Interessados em observar os impactos da atividade física ao longo do envelhecimento humano, os pesquisadores se debruçaram sobre o tema do propósito na vida dentro dessa rotina.

“Os psicólogos há muito tempo argumentam que ter um senso de propósito estimula a vontade de viver e a motivação para realizar ações que prolonguem a vida”, afirmam os pesquisadores .
Para chegar às conclusões, os pesquisadores utilizaram a base de dados do projeto Health and Retirement Study para entrevistar homens e mulheres a partir dos 50 anos. Poucos anos depois, as entrevistas foram feitas novamente para verificar se as respostas haviam mudado ou não.

As respostas coletadas foram analisadas e comparadas para verificar quanto e com que frequência as pessoas se movimentaram ao longo dos anos e quão forte estava a percepção de senso de propósito na vida em cada um desses momentos.

Os resultados revelaram uma relação bilateral. Pessoas com vidas ativas apresentaram um senso de propósito crescente ao longo dos anos, enquanto que, paralelamente, aqueles cujo senso de propósito era mais forte, desenvolveram o hábito da atividade física.

“Pessoas com forte senso de propósito na vida são mais propensas a cuidar de suas vidas, o que pode incluir ser fisicamente ativo”, afirmam os pesquisadores do estudo.Silvania Dutra conta que a corrida a ajudou a compreender a solidão e ter uma relação positiva consigo mesma. Viúva há 17 anos, ela mora sozinha desde que a sua filha única se casou.

“A corrida me ensinou que, por mais que você esteja com um grupo, se não for pelas suas pernas você não chega a lugar nenhum. Hoje eu aprendi a viver comigo mesma. Eu passei a ver a minha situação como liberdade, e não como solidão”, conta.

Agora Silvania se prepara para correr 42 km de uma maratona completa.

“Agindo Deus, quem impedirá?” Is 43:13

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