A queda das Torres Gêmeas, em setembro de 2001, teve um impacto gigantesco. E não só como você pensa. Além das 2.977 vítimas mortas, dos US$ 10 bilhões em prejuízos, do abalo psicológico global e da invasão do Afeganistão, o maior atentado terrorista de todos os tempos trouxe consigo um problema mais direto.
Mas o que fazer no local onde tinha as duas torres? Depois de muita discussão, os americanos decidiram construir um prédio no local: o One World Trade Center. Foi uma das obras mais caras e tumultuadas de todos os tempos, cheia de inovações tecnológicas e reviravoltas políticas.
Depois que a remoção dos escombros terminou, em 2002, começaram as discussões sobre o que construir no Marco Zero. Um concurso foi aberto em agosto para eleger um plano de ocupação da área. O vencedor, anunciado em fevereiro de 2003, foi o arquiteto Daniel Libeskind, responsável pelos projetos do Museu Judaico de Berlim e da Universidade Metropolitana de Londres. Filho de sobreviventes do Holocausto, ele nasceu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, e emigrou para os Estados Unidos na adolescência. Na chegada a Nova York, de navio, se encantou com a visão da Estátua da Liberdade e do horizonte de prédios da cidade.
O plano que Libeskind desenvolveu para o Marco Zero foi inspirado por essa visão. O desenho original do One World Trade Center trazia uma silhueta estilizada que acompanhava o perfil da Estátua da Liberdade, quando vista de lado. Mas a ideia foi abandonada, e o prédio final é bem diferente (veja na página ao lado). Na época, especulou-se que o projeto original fosse complexo demais, impossível de construir – uma versão questionada por especialistas. “Ele podia ser mais desafiador e mais caro, mas não era impossível de ser feito”, afirma Mir Ali, professor de arquitetura da Universidade de Illinois. Na prática, o desenho foi alterado por um motivo simples. O investidor Larry Silverstein, que manda no WTC (um mês e meio antes dos atentados, ele comprou os direitos de uso das torres por 99 anos), simplesmente não gostou dos primeiros esboços. E chamou outro arquiteto: o americano David Childs. Ele não se deu bem com Libeskind, que acabou deixando o projeto. As disputas atrasaram a construção, e pouca coisa restou da ideia original. Uma das características mantidas foi a altura: 1.776 pés (541 metros), uma referência ao ano da independência dos Estados Unidos. Isso tornou o One World Trade Center o edifício mais alto do Ocidente (e o quarto mais alto do mundo). Mas não há um consenso a respeito. Isso porque, na verdade, o prédio em si é bem mais baixo: tem 417 metros. A altura recorde só é atingida graças a uma “ponta” de 124 metros, o que é considerado um truque por alguns arquitetos.
Nani Gonçalves – Jornalista