“Dados epidemiológicos de vários países apontam que os testes em massa são fundamentais no combate à Covid-19. Eles identificam pessoas positivas, sintomáticas ou não, que devem ficar em isolamento, e os contatos que tiveram nos últimos dias para também isolá-los, caso estejam infectados. É uma prática que se soma às ações de prevenção, como isolamento social, higienização das mãos e o uso de máscaras.
Nesse contexto, o Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências da USP está pesquisando um teste de coronavírus por meio da saliva que pode ser uma alternativa ao RT-PCR, referência mundial para detectar casos ativos da Covid-19.
Chamado de RT-Lamp, o teste tem métodos mais simples que o PCR (sigla em inglês para reação em cadeia de polimerase). A primeira diferença é o processo, feito por autocoleta. De forma indolor e não invasiva, o próprio paciente pode recolher sua saliva em um tubo de ensaio. Isso também significa menor risco de infecção, pois não há necessidade da retirada das amostras de nasofaringe por um profissional. O teste é mais rápido, pois fornece o resultado entre 30 a 40 minutos. Já o RT-PCR precisa de, no mínimo, duas horas. A precisão dos dois tipos de teste é semelhante.
A pesquisa, que está em fase final de desenvolvimento e conta com apoios importantes da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e da empresa brasileira JBS, atua agora em duas frentes.
A primeira é padronizar o teste, ou seja, criar soluções químicas que mantenham o coronavírus estável, sem sofrer a ação das inúmeras enzimas presentes na saliva. Apesar de usar um processo de análise molecular parecido com o PCR, o teste por saliva não requer a extração do ácido ribonucleico (RNA) das amostras.”
“A outra tarefa é a produção de reagentes químicos no próprio laboratório – hoje são utilizadas enzimas comerciais (importadas), o que também encarece a pesquisa. A falta de reagentes e de swabs (espécie de cotonete de haste longa para coletar o material) também representa um entrave para a testagem.
Neste desafio, os cientistas do Centro do Genoma Humano contam com a colaboração do Instituto de Química da USP.”