Desde muito cedo as mulheres são “incentivadas” a serem mães, quando ainda somos crianças ganhamos panelinhas e bonecas para brincarmos de casinha, começamos a “nanar o neném” e já começamos aí a de alguma forma “ensaiar” para sermos mães no futuro. Conforme vamos crescendo, vamos ouvindo falar sobre o “instinto materno” e “que toda mulher nasceu pra ser mãe”. Porém, na verdade a mulher não NASCE mãe ela se TORNA mãe (tem um texto lá na nossa fanpage falando sobre isso). Mas e em relação aos homens, como é isso? Eles nascem ou se tornam pais?
Bom, ao contrário do que acontece com as mulheres não é muito comum vermos meninos brincando de bonecas nem ganhando panelinhas, ou seja, não há tanto “incentivo” para que eles sejam pais e ajudem nas tarefas domésticas, mas isso também está mudando aos poucos. O homem também não nasce pai, não nasce sabendo como exercer essa função, como cuidar de uma criança, nem como educar um filho, ele também se TORNA pai e é sobre isso que vamos falar hoje.
A mulher a partir do momento que engravida já passa a vivenciar uma relação com o bebê, já sente em seu próprio corpo os prazeres e desprazeres da maternidade, enquanto que para o pai isso é um pouco diferente. Mesmo o pai sendo super presente e participativo, ele acaba entrando nesta relação depois. Quando falamos sobre o pai, falamos desta função paterna que nos leva a questão, afinal o que é ser pai?
Ser pai não é simplesmente promover o sustento da casa e dos filhos ou pagar uma pensão, isso seria ser provedor. Ser pai também não é mandar mensagens em aniversários e datas comemorativas, nem dar presentes ou ESTAR presente, ser pai consiste em SER presente. É a partir do dia-a-dia, do cotidiano, desta relação com a figura materna e com o filho que surge o pai.
O pai é aquele introduz uma separação na relação mãe/bebê. Entretanto, essa função paterna só é possível quando a mãe dá um lugar a este ‘homem’, quando ela dá importância a sua palavra, a sua presença. Vemos assim, que é a figura materna que reconhece o pai, que o inaugura nesta posição, pois é o desejo da mãe que o legitima para seus filhos, é ‘ela’ quem dá as primeiras cartas no sentido de transmitir ou não a palavra do pai. O pai só passa a existir quando a mãe diz: “este é teu filho!” ou “você vai ser pai!”. Ele se torna pai quando é de alguma forma convocado a assumir este lugar, quando é dado a ele a possibilidade de assumir este papel e ser presente na relação, e principalmente quando há espaço em seu próprio desejo para ocupar este lugar. Por isso é possível vermos homens que possuem filhos, inclusive filhos biológicos com comprovação na justiça e determinações de pensão pelo juiz, mas que nunca se tornaram pais, porque de alguma forma não foi possível para eles assumirem este lugar de pai.