Um dos principais aliados do presidente Michel Temer no Congresso Nacional, Rodrigo Maia (DEM-RJ), 46, foi reeleito nesta quinta-feira (2) presidente da Câmara dos Deputados.
A vitória em primeiro turno, por 293 votos, lhe confere um mandato de dois anos em um cargo que, hoje, é o primeiro na linha sucessória da Presidência da República.
O êxito ocorre um dia depois de o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, negar concessão de liminar pedida por adversários para impedir a candidatura de Maia, já que a Constituição veda a reeleição, mas não é explícita sobre mandatos-tampões, que é o seu caso. O mérito dessa questão ainda será julgado.
Maia tem ainda contra ele suspeitas de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras -sob o apelido “Botafogo”, ele é citado como beneficiário de R$ 600 mil na delação da empreiteira Odebrecht, cujos detalhes ainda não vieram oficialmente a público.
O presidente da Câmara terá também que contornar a dissidência na base de Michel Temer formada justamente pela eleição desta quinta. Três dos cinco adversários que derrotou -Jovair Arantes (PTB-GO), com 105 votos, Júlio Delgado (PSB-MG), Jair Bolsonaro (PP-RJ)- são da base governista.
A oposição lançou dois candidatos, André Figueiredo (PDT-CE) e Luiza Erundina (PSOL-SP). A votação foi secreta.
Nos pouco mais de seis meses de mandato-tampão, Maia se notabilizou pela grande afinidade com o Palácio do Planalto, sendo classificado por adversários e aliados mais como um “líder do governo” do que um presidente da Câmara. De fato, ele integrou a linha de frente da defesa e aprovação da principal proposta legislativa de Michel Temer em 2016, a emenda à Constituição que congela os gastos federais pelos próximos 20 anos.
Antes mesmo da vitória, o deputado já prometeu “harmonia” com o governo federal nos próximos anos. Nos bastidores, o Planalto trabalhou para reconduzir Maia.
Em 2017, o governo tem pela frente importantes votações na Câmara, sendo as principais as reformas do sistema previdenciário e trabalhista.
O deputado do DEM também atuou ativamente na tentativa frustrada da aprovação de um projeto de anistia aos alvos da Operação Lava Jato.
TRAJETÓRIA
Filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, Rodrigo Maia nasceu no Chile (quando o pai estava exilado) e está no quinto mandato consecutivo de deputado federal.
Ele foi eleito em julho de 2016 para um mandato-tampão no comando da Câmara em decorrência da renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Já afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal sob o argumento de que usava a função para atrapalhar as investigações sobre seu envolvimento no petrolão, Cunha apoiou Rogério Rosso na ocasião.
Antes da chefia da Câmara, o principal cargo de Maia foi o de presidente do seu partido, o DEM. Ele comandou a sigla em meio à sua pior fase, de 2007 a 2011 (segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e parte do primeiro de Dilma Rousseff).
Foi sob seu comando que o partido assumiu o nome “Democratas”, em uma tentativa de se livrar do desgaste acumulado pelo PFL (Partido da Frente Liberal), sigla capitaneada por muitos anos por caciques como Jorge Bornhausen (SC) e Antonio Carlos Magalhães (BA).
O deputado protagonizou em 2012 um fiasco na eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Tendo como vice a deputada Clarissa Garotinho (PRB), sua chapa obteve apenas 2,94% dos votos válidos.
Após isso, passou por certo ostracismo na Câmara até ser resgatado politicamente por Eduardo Cunha. A relação próxima com o ex-presidente da Câmara lhe valeu a relatoria da reforma política em 2015.
Maia rompeu posteriormente com Cunha ao ser preterido por André Moura (PSC-SE) -outro aliado do peemedebista- na escolha do líder do governo Michel Temer na Câmara.