Arapongas é hoje responsável pela segunda maior cota de contribuição mensal ao Cisvir, conforme contratos assinados em fevereiro de 2022.
Segunda maior cidade do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir), Arapongas vai deixar de fazer parte do grupo, dentro de 60 dias. Até lá, um novo consórcio deve ser constituído com municípios ligados às regionais de Maringá e de Londrina, cuja sede será em Arapongas. A decisão, segundo o prefeito de Arapongas, Sérgio Onofre da Silva (PSC), é irreversível e já teria sido informada à diretoria do Cisvir, por escrito. “Temos só mais 60 dias, janeiro e fevereiro, como membros do Cisvir”, diz o prefeito.
Arapongas é hoje responsável pela segunda maior cota de contribuição mensal ao Cisvir, conforme contratos assinados em fevereiro de 2022. Dos pouco mais de 392 mil habitantes dos 18 municípios do consórcio, Arapongas responde por seus 124 mil moradores, segundo as estimativas do IBGE. A cidade paga mensalmente, de forma fixa, quase R$ 89 mil, considerando a chamada cota de rateio por habitante, fixada em R$ 0,70 por pessoa, para o atual exercício.
Uma outra parte da contribuição de Arapongas com o consórcio é variável e determinada pelo contrato de programa 01/2021, para a gestão associada de saúde, com o valor mensal estimado de R$ 300 mil, podendo chegar ao valor total de R$ 4.6 milhões no exercício.
NOVO CONSÓRCIO
Arapongas já havia feito um movimento de saída do Cisvir há cerca de dois anos. “Mas na época o que pensamos era para expandir o Cisvir, de forma a dar mais assistência ao público. Mas agora o cenário mudou. E está na hora de termos outro consórcio. Já falei com o governador Ratinho Júnior, com prefeitos e todos gostaram da ideia. Vamos apresentar o projeto”, diz Onofre.
Além de formalizar a saída do Cisvir, Sérgio Onofre anuncia que já estão avançadas as articulações microrregionais para a constituição de um novo consórcio intermunicipal de saúde, com sede em Arapongas. Pelo menos 10 prefeitos de cidades vizinhas a Arapongas, no eixo entre os polos de Londrina e Maringá, devem integrar o novo grupo. Onofre diz que haverá uma reunião na primeira semana de janeiro, para acertar detalhes.
O prefeito de Arapongas diz que já foram realizados convites para diversas prefeituras e todas se mostram dispostas a integrar o novo consórcio, envolvendo cidades como Rolândia, Astorga, Sabáudia, Pitangueiras, Iguaraçu e Munhoz de Melo, entre outras. Além do apoio das prefeituras, Sérgio Onofre explica que, politicamente, a articulação já foi apresentada ao governador do Estado, Ratinho Júnior, recebendo seu apoio.
Para Sérgio Onofre, Arapongas já possui estrutura completa de saúde, “tudo que um consórcio precisa”, por isso, argumenta, “já passou da hora de a cidade sediar um novo”.
Grandes cidades teriam um maior atendimento
O prefeito de Arapongas, Sérgio Onofre, explica que o motivo para Arapongas deixar o Cisvir é basicamente o mesmo que traz os prefeitos das pequenas cidades da região a entrarem para o novo consórcio. “O Cisvir atende mais o Vale do Ivaí e Apucarana. Nisso, Arapongas sempre fica escanteada no consórcio. E, na verdade, as cidades pequenas acabam pagando a conta do consórcio, que prioriza, naturalmente, o atendimento das grandes cidades, que centralizam as demandas e têm um público maior. Está na hora de termos nosso próprio consorcio”, argumenta.
Em sua visão, os grandes municípios do Estado, como Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel, Foz do Iguaçu, deveriam ficar de fora das regionais de saúde e dos consórcios intermunicipais. “Essas grandes cidades precisavam de um tratamento à parte, uma ligação direta com a Secretaria de Estado da Saúde”, explica. Segundo ele, exatamente por serem muito grandes e polarizarem naturalmente as demandas, isso traria prejuízo às cidades menores, “que ficam sempre com as sobras, com os farelos”. Sem a presença das grandes cidades, as menores teriam melhores condições de promover os avanços necessários nos serviços de saúde.
Onofre frisa que as cidades grandes não prejudicam as pequenas de forma intencional. “Na regional, como nos consórcios, elas (as grandes) têm o poder de consumo maior, população maior. Por isso, acabam consumindo o principal dos recursos e benefícios. Não é que fazem isso para sabotar as pequenas cidades. É natural. Não fazem por sacanagem. É a necessidade. As grandes cidades têm as necessidades delas, nós temos as nossas”, justifica.
“Além disso, do ponto de vista logístico, essas cidades pequenas da região entre Londrina e Maringá estão mais próximas de Arapongas que das atuais sedes de consórcios. E aqui terão atendimento em tudo que precisam e uma relação com muito mais afinidade”, raciocina.
Economicamente falando, Onofre garante que o novo consórcio também se viabiliza, sem qualquer tipo de problema. Ele lembra que os municípios já pagam mensalmente suas cotas de participação, com base nos contratos de rateio. E continuariam recolhendo os mesmos valores, só que agora em um consórcio onde têm relação mais próxima e importância maior na definição de prioridades.
Informações: TNOnline