Ipê, paineira, angico, copaíba e muitas figueiras estão entre as árvores famosas da região. Gigantes que testemunham o crescimento das cidades, elas fornecem não apenas sombra, mas muitas memórias para quem passa por elas
Uma gigante cansada
Figueira do Cemitério Cristo Rei pode estar morrendo
fonte: TNOnline Figueira do Cemitério Cristo Rei
Uma das árvores mais antigas do perímetro urbano de Apucarana, a figueira (falsa seringueira) localizada em frente ao Cemitério Cristo Rei desperta paixões. A “gigante” é da espécie Ficus elastica, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, e seu aspecto desgastado preocupa quem mora ou trabalha na região.
Os moradores mais antigos garantem que a árvore está no local, no mínimo, desde a inauguração do Cemitério Cristo Rei, em 15 de janeiro de 1963. Portanto, é praticamente uma sexagenária. “Eu moro aqui há 54 anos. Quando mudei, a árvore já estava lá. Era menor, claro, mas lembro perfeitamente”, diz Aurora Lopes Mileski, de 85 anos. A idosa vive na Rua Nova Ucrânia e pede mais cuidado da administração municipal com a árvore. “É uma árvore importante. Deviam dar mais atenção”, reclama a idosa.
O comerciante Éden Nereu Penitente, 58 anos, também critica o manejo. “A árvore está cada vez pior. Acho que está morrendo. É uma pena”, lamenta. A família montou o comércio no local em 1974.
O secretário de Meio Ambiente, Gentil Pereira, afirma que o visual atual é reflexo da idade da árvore. “Infelizmente, não há muito o que fazer”, assinala. Sérgio Bobig, superintendente da secretaria, admite que anos anteriores houve uma poda na árvore, mas reforça que a situação dela é reflexo também do ambiente. “Essa árvore tem grandes raízes e está perto da rua e junto à calçada. Tudo isso contribui para a situação atual”, finaliza.
Ipê da Câmara é cartão-postal
Ipê do Centro Cívico de Apucarana é um dos mais fotografados da cidade
fonte: Jair Ferreira/Estúdio Bela Facce
O ipê-amarelo localizado no Centro Cívico José de Oliveira Rosa, onde fica a Câmara e a Prefeitura de Apucarana, é campeão de popularidade. Basta acessar as redes sociais nesta época do ano, quando ocorre a florada, para encontrar inúmeras fotografias da espécie. Com os modernos celulares de hoje, é difícil resistir.
Não há informações exatas de quando a árvore foi plantada, embora o Centro Cívico tenha sido inaugurado oficialmente em 1970, segundo informações da Prefeitura.
O nome científico deste ipê-amarelo é o Handroanthus sp, segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Os registros fotográficos da árvore são feitos tanto por fotógrafos amadores quanto por profissionais.
Edson Denobi é fotógrafo da Prefeitura de Apucarana há 39 anos. Ele já perdeu as contas de quantas vezes já fotografou o ipê-amarelo desde que entrou na Prefeitura em 1984. Pelas lentes de Edson Denobi, a árvore já passou das velhas máquinas fotográficas de filme para as modernas digitais.
“Fotografo a árvore praticamente todos os anos na época da florada. Não tem como passar por ela e não fotografar quando as flores estão amarelas e bonitas. Além disso, a gente vê a árvore da janela da Prefeitura”, comenta o fotógrafo.
Paineira é referência
Rotatória foi construída em volta da paineira na zona norte de Apucarana
fonte: TNOnline Rotatória foi construída em volta da paineira na zona norte de Apucarana
Uma paineira é usada, há décadas, como referência de localização pelos moradores da região Norte de Apucarana. Há pelo menos uns 50 anos no local, a árvore fica hoje numa rotatória que se construiu à volta dela, na rua Rafael Sorpile com a rua Jaime Broieti. Ali é quase entrada para o Dom Romeu Alberti, entre o Jardim Alvorada e o Ponta Grossa.
“Essa árvore, para nós, é referência. É o jeito mais fácil de explicar onde são nossos endereços”, conta Douglas de Souza de 27 anos, vizinho da paineira. Ele nasceu na última casa da Jaime Broeti. “Ela está aí a vida toda. A gente nem imagina o lugar sem essa árvore”, diz.
Douglas conta que seu avô, seo Serafim de Souza, tem 80 anos e chegou ao bairro quando tinha 30. “E a árvore já estava ali”, conta. Para os moradores, a única coisa feia da árvore são as placas e cartazes que algumas pessoas insistem em afixar no tronco da paineira.
Canafístula mística em Rio Branco do Ivaí
Árvore na rota do turismo rural é popular nas redes sociais
fonte: Assessoria Árvore na rota do turismo rural é popular nas redes sociais
Localizada em uma propriedade rural de Rio Branco do Ivaí, a cerca de 7 quilômetros do perímetro urbano, encontra-se a “Árvore da Vida”, uma espécie mística, que mexe com o imaginário da população que passa pelo local. A árvore, uma canafístula – também conhecida como angico amarelo, fica no caminho do “Circuito de Pedalada Ivaí Adventure” e é única em quilômetros de plantações ao redor. Estima-se que a árvore esteja ali há pelo menos um século.
“Existe uma crença popular de que, ao passar pela “Árvore da Vida”, todas as coisas se renovam, e que, ao entrar debaixo de sua sombra, pode-se fazer um pedido, que será atendido pelas forças da natureza”, revela o secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Rio Branco do Ivaí Junior Moreira.
A árvore também ganhou destaque nas redes sociais, pela beleza da paisagem composta ao pôr-do-sol, que rende belos cliques. Um balanço foi instalado pela secretaria de turismo do município, para fomentar ainda mais as visitas ao espaço, e a divulgação de fotos nas redes sociais.
Figueira símbolo da comunidade
Figueira na Colônia Esperança, em Arapongas, deve ter entre 80 e 100 anos
fonte: Silvia Vilarinho
Não se sabe ao certo há quanto tempo a figueira frondosa, plantada ao lado da igreja católica da Colônia Esperança, em Arapongas, está ali. De acordo com o morador e filho de pioneiros Aderson Tokushima, alguns mais velhos dizem que a figueira já estava lá quando a comunidade começou, outros, garantem que ela foi plantada com a chegada dos imigrantes japoneses. “O que podemos afirmar com certeza é que ela tem de 80 a 100 anos de idade”, diz o morador.
Fundada em 1935 pelas primeiras famílias japonesas católicas, a Colônia Esperança inaugurou o atual templo da igreja Sagrado Coração de Jesus na década de 50. Na mesma época da construção, foi erguida uma mureta ao redor da grande árvore que ocupa a praça da comunidade.
“Esta figueira é um símbolo para a comunidade, que cuida dela como um verdadeiro patrimônio da Colônia”, diz Tokushima.
Sombra na beira do Rio Ivaí
Seringueira do Distrito de Porto Ubá é famosa em todo Vale do Ivaí
fonte: TNOnline Seringueira do Distrito de Porto Ubá é famosa em todo Vale do Ivaí
Uma seringueira famosa no Vale do Ivaí fica nas proximidades da ponte do Rio Ivaí, no Distrito Porto Ubá, em Lidianópolis. Além de fazer sombra para os clientes de um restaurante próximo, a árvore é praticamente uma atração turística da localidade. Segundo os proprietários do restaurante que hoje se encontra arrendado, Ademir Urbanas e Janete Urbanas, quando eles adquiriram o restaurante em 1990, a árvore já fazia sucesso.
“O seo Dito já falecido, que é um dos pioneiros daqui, falava que ele havia trazido a muda do Mato Grosso e plantado no início dos anos 60. Quando compramos o restaurante já tinha passado por três donos, cada um que pegava reformava um pouquinho o restaurante, mas sempre cuidando para que a árvore não precisasse ser removida”, relatou Janete.
Ainda segundo Janete, desde 1990 a árvore já era frondosa e chamava a atenção.
“Hoje, quando se fala em Porto Ubá, normalmente a primeira lembrança é da seringueira que fica na frente do restaurante. É uma árvore que tem muitas histórias. Muitas casais se conheceram embaixo dela se casaram e hoje os filhos já estão grandes”
– Janete Urbanas, empresário
Uma copaíba no meio da rua
Árvore foi adotada pelos moradores do Jardim São Pedro, em Faxinal
fonte: Assessoria TNOnline Árvore foi adotada pelos moradores do Jardim São Pedro, em Faxinal
Se a capital paranaense, Curitiba, tem diversas árvores tombadas como patrimônio histórico e exatamente por isso protegidas por lei, Faxinal tem uma árvore icônica na área urbana, que também é digna de ser declarada como tal. Se não pela idade, que já estaria na casa dos 100 anos, seria pelo fato de estar literalmente no meio de uma rua, no Jardim São Pedro. Se isso não for suficiente, ela poderia ser tombada como um verdadeiro monumento à resistência, uma sobrevivente. Moradores mais antigos contam que há uns 40 anos, a árvore teria sido atingida por um raio e queimou durante uma semana. Até hoje tem as marcas do episódio: uma parte do tronco da árvore é oco por conta do fogo.
A árvore seria uma Copaíba. Ele solta sementes com uma massa de cor amarela. Dona Nilda de Oliveira Souza, 74 anos, antiga moradora do Jardim São Pedro, é vizinha da árvore, na rua Maria Quitéria. Ela lembra que moradores mais antigos, já falecidos, sempre cuidaram da árvore, que já estava ali quando o bairro, um dos mais antigos da cidade, foi formado. “Tinha um morador daqui, dos mais antigos, já falecido, que chegou a fazer muitos balanços para a criançada nos galhos da árvore. A sombra dessa árvore já abrigou muita festa para o dia das crianças moradoras da rua. Todos aqui amam essa árvore”, conta dona Nilda.
Figura marcante no meio da rua, a copaíba, por muitos anos, também se prestou ao papel de árvore de Natal para os moradores. Dona Nilda cuidava pessoalmente para conseguir lâmpadas coloridas e outras decorações para enfeitar a árvore. Ela ainda organizava a cotização para o gasto com energia elétrica. Mas a prática parou há três anos, quando dona Nilda ficou adoecida e, no ano seguinte, entrou a pandemia. Há esperança que a árvore volte a ser decorada nesse ano.
A Prefeitura de Faxinal também compreende a importância da árvore para os moradores do Jardim São Pedro. Está construindo um banco ao pé da árvore, estruturando o centro de convívio social que a velha copaíba construiu por conta. “É nosso ponto de encontro, nossa referência”, finaliza dona Nilda.
Fonte: TNOnline