Se me perguntarem sobre os benefícios que uma análise pode proporcionar na vida de alguém não tenho dúvida nenhuma de que o principal motivo é para alguém viver de forma menos idiota na vida. Sim, a análise serve para se viver menos idiota. Aliás, a palavra idiota vem do grego antigo e significa “aquele que vive apartado da vida pública”, ou seja, aquela pessoa que se aliena de seus direitos e obrigações. Usavam o termo ‘idiota’ para designar todos aqueles que não assumiam a responsabilidade ou que tinham desinteresse pelo Estado que norteava a vida dos cidadãos.
Agora, quem norteia a nossa vida individual? Somos nós mesmos e o instrumento que utilizamos para isso é a nossa mente (Estado). Aquele que não tem noção e responsabilidade pela sua própria mente, não tem noção de si mesmo e, por conseguinte, viverá de maneira idiota pois estará apartado, alienado, de sua própria governança. Quem vive assim sempre escolhe mal e vive sofrimentos desnecessários.
O problema é que viver de maneira idiota na vida faz com que paguemos caro demais por ela. Não estou me referindo aqui ao aspecto financeiro, mas aos aspectos que deixam a vida custosa, ou seja, sofrida ou pesada. Há pessoas que entram em relacionamentos que trazem muita dor e prejuízo, outras sempre estão tropeçando nos mesmos ‘buracos’ e levando tombos feios, há também aquelas que nunca conseguem se realizar e ficam sempre esperando por milagres para resolverem muitos dos seus problemas e conflitos. Todas essas e muitas outras formas de sofrimento vêm do fato de que essas pessoas estão apartadas de si mesmas, ou seja, estão vivendo de maneira idiota.
Quando escrevo idiota não coloco um peso ou julgamento moral nesse termo. Não se trata de um xingamento ou acusação e nem mesmo humilhação, mas de uma constatação que vem da observação de como muitas pessoas vivem de uma maneira que traz inúmeras complicações para sua qualidade de vida. Já dizia a famosa frase inscrita no Oráculo de Delfos ‘Conhece-te a ti mesmo’, pois quem não tem a menor ideia de si também não poderá desenvolver a menor ideia de como pode viver melhor de fato.
Quando não aceitamos a vida, a realidade, acabamos lidando com nossas expectativas e idealizações. Esperamos que a vida seja como a imaginamos e não como ela realmente é. Não ter o menor contato com a realidade faz com que não possamos reconhecer e utilizar as verdadeiras possibilidades que temos em nossas vidas. Há muita gente se envolvendo mais com alucinações que criam do que aproveitando as chances reais que existem.
Queremos que o outro seja assim ou assado, que o trabalho seja de um jeito ou outro, desejamos que a vida funcione de maneira que nos agrade. Todas essas formas de se viver implicam em não assumir a responsabilidade por si mesmo e pelas escolhas que faz, por quais caminhos decide pegar e quais evitar. Em resumo, se coloca longe da própria mente (Estado) que é justamente aquilo que nos orienta como viver de maneira mais inteligente. Está na hora de vivermos menos idiota
****
Autor: Sylvio do Amaral Schreiner – Via Folha de Londrina
A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina