Dos 12 estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, três foram erguidos em Estados sem tradição no futebol do país: Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, Arena Amazônia, em Manaus, e Arena Pantanal, em Cuiabá. Eram, desde o princípio, os maiores candidatos a se tornar “elefantes brancos” após a Copa, em que pese as autoridades públicas jamais terem admitido essa possibilidade.
Agora, o ano de 2015 vai chegando ao fim e já é possível tratar do assunto baseando-se em fatos e números, e não previsões. As três arenas, que são 100% públicas, deram prejuízo. Juntas, consumiram neste ano R$ 17,6* milhões a mais do que arrecadaram. Das três, a Arena Pantanal é a única em que, pelo menos, o cidadão está tendo algum ganho com o equipamento, já que o governo local passou a promover eventos culturais gratuitos dentro da arena, além de incentivar o uso comunitário das praças e dos jardins construídos em seu entorno.
Além do custo operacional, os estádios seguem sendo pagos e assim seguirão por mais de dez anos, na medida em que vencem as parcelas dos empréstimos tomados para bancar as obras.
Em nenhuma das arenas o futebol sozinho é capaz de garantir uma rentabilidade mínima. Assim, cada Estado buscou suas formas de dar uso aos equipamentos. Veja, abaixo, como foi o ano de 2015 daqueles que foram apelidados como elefantes brancos da Copa.
Arena Amazônia: falta de dinheiro para manutenção, pouco futebol e rock´n´roll
Foi um ano de poucos jogos de futebol na arena construída em Manaus por cerca de R$ 750 milhões. Foram cinco partidas nos cinco primeiros meses de 2015, sendo apenas uma valendo por competição do calendário oficial.
As três primeiras foram do amistoso Super Series, nos dias 21, 23 e 25 de Janeiro, que contou com os times do Sudeste Flamengo, Vasco e São Paulo então em pré-temporada. Depois, no dia 22 de fevereiro, o Nacional-AM enfrentou o Vilhena-RO, pela Copa Verde. Finalmente, no dia 28 de fevereiro, a arena recebeu a partida beneficente entre os amigos do lutador José Aldo contra amigos do ex-jogador Delmo.
Em junho, o estádio recebeu sua primeira partida do Campeonato Amazonense de 2015. Foi a final do torneio, entre Nacional e Princesa do Solimões. Um público de 6.787 pessoas gerou uma renda R$ 93.825, mas nem um centavo foi para os cofres estaduais. Isso porque o governo estadual fez um acordo com os clubes para subsidiar a realização do jogo, a única forma encontrada de fazer com que pelo menos a final do Amazonense fosse disputada na arena.
O sétimo jogo do ano no estádio aconteceu no dia 13 de setembro, na última rodada da Série D do Campeonato Brasileiro. O duelo entre Nacional e Náutico (RR) foi acompanhado por 260 pagantes, que proporcionaram a menor renda do ano, de R$ 2.385, dos quais R$ 238,50 foram revertidos aos cofres estaduais.
A Arena Amazônia não sediou nenhum jogo das séries A e B do Campeonato Brasileiro em 2015, ao contrário das outras 11 sedes do Mundial. O equipamento fecha o ano no vermelho, tendo gerado um prejuízo aos cofres estaduais de R$ 4,08 milhões, contando o montante gasto com manutenção no ano (R$ 4,8 milhões), menos o quanto o Estado arrecadou com jogos e eventos no local (R$ 720,8 mil).
O resultado teria sido pior se não tivessem sido realizados eventos musicais no local. Foram dois festivais: um de rock, em novembro, com as bandas Paralamas do Sucesso, Detonautas e atrações locais, e outro de música eletrônica, no último dia 12, com DJs se apresentando em um evento de mais de 12 horas de música.
Fonte: Vinícius Segalla
Do UOL, em São Paulo