O governador Carlos Massa Ratinho Junior visitou nesta quarta-feira (11) a Urbem, indústria focada na fabricação de madeira engenheirada – material que passa por um pré-processamento para ser usado na construção civil. Fundada em 2021 em Almirante Tamandaré, a unidade produtiva recebeu um investimento de aproximadamente R$ 220 milhões, com capacidade instalada anual para 60 mil metros cúbicos de estruturas de pinus, empregando 150 trabalhadores.
Durante a visita, o governador conheceu de perto as instalações industriais e acompanhou todas as etapas do processo de fabricação dos elementos estruturais em Madeira Laminada Colada (MLC) e Cross Laminated Timber (CLT). Esses materiais são produzidos a partir de florestas plantadas de pinus e se destacam por possibilitar construções mais rápidas, limpas e com menor emissão de carbono em relação aos métodos construtivos convencionais.
Após a visita técnica, Ratinho Junior destacou a importância da instalação de indústrias que utilizam madeira de reflorestamento no Paraná. Ele lembrou que o Estado possui uma das maiores áreas de florestas plantadas.
“O Brasil ainda está muito acostumado a construir com tijolo, cimento e ferro, mas o mundo já está adotando a madeira engenheirada como uma alternativa mais sustentável e segura. Viemos conhecer essa inovação de perto e queremos que o Paraná ajude a mudar essa cultura. Somos o estado que mais produz madeira de reflorestamento no Brasil, então faz todo sentido estimular essa indústria, que gera emprego, riqueza e sustentabilidade”, afirmou o governador.
Os dados mais recentes do IBGE, referentes ao ano de 2023, colocam o Paraná na liderança nacional de lenha da silvicultura, com 13,8 milhões de metros cúbicos cortados no ano, um quarto do volume de todo o País. O Estado também é o maior produtor de madeira em tora para outras finalidades, responsável por 38,1% da produção nacional, chegando a R$ 2,8 bilhões em termos nominais.
No caso da Urbem, a madeira engenheirada produzida no Paraná integra projetos emblemáticos em outros locais do Brasil. Entre eles, estão estruturas instaladas nos parques Morumbi Sul e do Carmo, na cidade de São Paulo, e o Open Mall Praça Pitiguari, em Atibaia, no interior de São Paulo, que é a maior estrutura de madeira engenheirada do Brasil, com 7 mil metros quadrados de área construída.
A tecnologia também tem ganhado o mercado internacional. O maior destaque é o Hotel Rosewood, uma estrutura de 1.200 metros quadrados em construção nas Maldivas com a utilização da madeira engenheirada processada no Paraná.
“A Urbem é um bom exemplo de aplicação da madeira de reflorestamento, com um modelo sustentável de produção, altamente tecnológico, que exporta para o mundo inteiro a partir daqui, gerando mais empregos para a população paranaense”, comentou Ratinho Junior.
Para incentivar o crescimento do setor, inclusive com a atração de novas indústrias, o Governo do Estado estuda adotar a madeira engenheirada como solução construtiva em prédios públicos. O projeto mais avançado neste sentido é o planetário do Parque da Ciência Newton Freire Maia, em Pinhais, mas não estão descartadas outras possibilidades, como centros de eventos, hospitais e escolas.
VANTAGENS – Apesar de o senso comum associar madeira a um material altamente inflamável, a madeira engenheirada apresenta excelente desempenho ao fogo. Por ser formada por camadas sobrepostas e coladas sob alta pressão, ela queima de forma controlada e previsível que protege as partes internas da estrutura. Em muitos casos, isso proporciona mais tempo de evacuação e maior estabilidade estrutural em incêndios do que materiais como o aço, que perde resistência rapidamente sob altas temperaturas.
Segundo o CEO da Urbem, Gustavo Borges, embora seja uma tecnologia recente no mercado brasileiro, a madeira engenheirada é um método amplamente utilizado na Europa. “Produzimos lajes, vigas e pilares a partir de madeira tratada e classificada, com dois grandes diferenciais: a redução do tempo de execução das obras e a diminuição da emissão de carbono”, explicou Borges. “Já conseguimos avançar em segmentos como hotelaria, varejo e parques. Fizemos três exportações e estamos presentes em oito estados brasileiros”.
No encontro com o governador, o sócio-fundador e atual presidente do Conselho da Urbem, Dario Guarita, justificou a escolha pelo Paraná para iniciar as atividades.
“O Paraná é o berço da indústria da madeira no Brasil. Foi aqui que começaram os primeiros investimentos e onde se desenvolveu a tecnologia do plantio de florestas, especialmente de pinus. A mão de obra qualificada para atuar no setor está no Estado, que tem uma forte tradição florestal. Investimos no Paraná desde 2010, e para nós foi natural instalar a indústria próxima às florestas e à melhor mão de obra disponível”, relatou.
Guarita também defendeu o papel do Estado como um indutor do uso da tecnologia. “O setor público tem um papel fundamental para promover obras em madeira engenheirada por meio de políticas de incentivo, mas também pelo exemplo, ao adotar este modelo em alguns de seus projetos”, concluiu o presidente do Conselho.
PRESENÇAS – Também acompanharam a visita à Urbem o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel; o prefeito de Almirante Tamandaré, Daniel Lovato; o presidente da Cohapar, Jorge Lange; e o diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco.
Agência Estadual de Notícias