De uma vida marcada por pobreza, vícios, perdas e preconceito à formatura em Serviço Social e ao trabalho para transformar vidas.
Infância marcada pela dor
Em meio à pobreza, à fome e à separação dos pais, a infância de Suzelaine Cristina de Oliveira Bonfim foi marcada por privações e sofrimento. Criada por uma mãe batalhadora, que lutava sozinha para sustentar os filhos — muitas vezes dependendo da benevolência alheia —, ela conheceu a fome tão de perto que, em várias ocasiões, só teve o que comer por causa do que encontravam no lixão.
A jovem cresceu sem nenhuma oportunidade, muito menos de estudar. Cedo demais, encontrou o que muitos chamam de “caminho mais fácil”, mas que, na verdade, é o mais doloroso: envolveu-se com drogas, bebidas, cigarros e tudo o que o mundo oferecia de ilusório.

Mãe aos 16 e afundada nos vícios
Ainda na adolescência, tornou-se mãe solteira e precisou se virar sozinha para sobreviver. Afundada nos vícios — mais tarde dominada pelo crack —, sentia-se, e era vista pela sociedade, como um “lixo humano”.
“Infelizmente, é assim que um usuário, um dependente químico, é tratado”, relata.
Um recomeço doloroso e libertador
Tudo começou a mudar quando Jesus entrou em sua vida.
“Foi um processo de libertação… Larguei todos os vícios e comecei a reconstruir minha história”, relembra Suzelaine.
O recomeço foi duro: enfrentou diversas necessidades com sua família, trabalhou na roça, em restaurantes, mercados, como diarista e faxineira.
“Lavei muitos banheiros, mas também lavei a alma”, diz com emoção.
Perdas irreparáveis e uma nova missão
No meio dessa jornada, enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua vida: a perda da mãe, vítima de infarto. Herdou, então, a responsabilidade de cuidar de um irmão com deficiência, a quem hoje considera uma grande bênção.
Além disso, sofreu a dor devastadora de perder dois irmãos assassinados — tragédias que marcaram profundamente sua vida, mas não destruíram sua fé. Mesmo diante de tantas perdas, manteve-se presente na vida dos demais irmãos e seguiu em frente.
A conquista que parecia impossível
Determinação foi o que a moveu em meio a uma trajetória cheia de dores. Concluiu o ensino médio e, aos 39 anos, alcançou uma vitória que parecia inalcançável: formou-se em Serviço Social.
Mesmo antes da conclusão do curso, com o conhecimento adquirido, já se dedicava a ajudar pessoas voluntariamente, oferecendo orientações e encaminhamentos ao Ministério Público, especialmente para aqueles que desconheciam seus direitos.
Atuou como assistente social na APAE de Rio Bom e de Marilândia do Sul. Atualmente, integra a equipe da Educação de Mauá da Serra.
Um testemunho que transforma vidas
Suzelaine ministra palestras com seu testemunho de superação em clínicas de reabilitação e anuncia o Evangelho para todos que desejam ouvir sobre o que Deus fez — e continua fazendo — em sua vida.
Casada, mãe de três filhos e avó de dois netos, é membro da Igreja do Evangelho Quadrangular de Mauá da Serra e continua se especializando para servir cada vez melhor à missão que Deus lhe confiou.
Mensagem final
“Nunca é tarde para recomeçar. Muitas vezes, em meio às dificuldades e à miserabilidade, parece que o único caminho é o dos vícios, como se fosse a melhor fuga. Mas isso é um engano de Satanás. O único caminho é com Jesus, porque com Ele tudo é possível, e o impossível Ele faz acontecer.
Ainda tenho lutas, mas, com Deus no controle, sigo firme. Escolhi o Serviço Social porque conheço a dor e a necessidade de quem vive em extrema vulnerabilidade. Quero ser instrumento de Deus para viabilizar direitos e levar esperança.”
Romanos 8:28 —
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”