Quase 12% dos nascimentos no Brasil ocorreram antes de 37 semanas em 2023 — acima da média global de 10%. O dado acende um alerta e impulsiona o Novembro Roxo, campanha que reforça a importância do pré-natal para prevenir e manejar os riscos do parto prematuro.
Com 300 mil bebês prematuros no país no ano passado, o Brasil figura entre os 10 com maior número de partos antes do tempo. A prematuridade está associada a complicações imunológicas, respiratórias, cardíacas, intestinais e neurológicas, variando de gravidade conforme a idade gestacional no nascimento.
Conscientização e cuidado no pré-natal
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A campanha Novembro Roxo — o Mês Internacional de Sensibilização para a Prematuridade — busca orientar sobre causas e consequências do parto antecipado e reforçar o acompanhamento médico correto durante a gravidez.
O neurocirurgião pediátrico Alexandre Canheu destaca que todas as gestantes precisam de pré-natal adequado para reduzir as chances de parto prematuro. Segundo ele, o ultrassom é uma das ferramentas essenciais para monitorar possíveis hemorragias cerebrais no bebê, diminuindo as possibilidades de sequelas.
Risco cerebral e a “matriz germinativa”
Entre os principais riscos da prematuridade, Canheu ressalta a hemorragia da matriz germinativa, área do cérebro do bebê particularmente sensível nas primeiras semanas de vida extrauterina quando o parto acontece antes da hora.
“Essa matriz germinativa termina o seu desenvolvimento na 35ª semana. Então, se o bebê nasce até a 34ª semana, aquela área ainda é uma área muito sensível, e ela pode sangrar. Quanto mais precoce nasce, maior a chance de sangramento, e 70% dos casos de paralisia cerebral estão ligados à prematuridade”, alertou o especialista.
Protocolo para reduzir sequelas
Com foco em orientar equipes médicas, Alexandre Canheu foi pioneiro na implantação do Protocolo das Hemorragias da Prematuridade, presente nos maiores hospitais públicos e privados de Londrina. O documento reúne diretrizes para prevenção e manejo de situações como a hemorragia da matriz germinativa.
“Essas crianças, quando tratadas adequadamente, fazendo busca ativa do problema, a gente diminui muito o índice de sequela motora e cognitiva. Elas ainda podem precisar de cirurgias, mas vão se desenvolver de maneira muito mais adequada, muito mais socializada”, explicou o especialista.
Por que importa
Os números do Ministério da Saúde e os alertas clínicos convergem: identificar riscos desde o pré-natal, com monitoramento contínuo, é decisivo para evitar o parto antes do tempo e mitigar consequências neurológicas e sistêmicas nos recém-nascidos.
No Novembro Roxo, a mensagem central é clara: acompanhamento médico de qualidade salva vidas e pode reduzir sequelas, especialmente quando a prematuridade se anuncia como risco.
Fonte: Redação